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Calor de 50°C e crise de água suja: o ano de 2020 começou difícil no Rio

Alessandro Buzas - 15.jan.2020/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Alessandro Buzas - 15.jan.2020/Futura Press/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Rio começou o ano com crise na qualidade da água
  • Cidade também viu a sensação térmica passar dos 50ºC

O Rio de Janeiro não teve um dezembro fácil, com o caos na saúde pública na capital. O ano virou, mas os problemas da estrutura pública se mantiveram.

Agora, o estado passa por um grave problema de abastecimento, em que moradores da cidade e da região metropolitana denunciam a saída de água turva, com gosto de tijolo, das torneiras. Enquanto isso, a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), responsável, não dá prazo de melhora. Tudo isso sob uma sensação de calor que ultrapassa os 54°C.

Água suja

Desde a primeira semana do mês, moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro têm sido abastecidos com água turva, com gosto e sabor adulterados.

Não está claro quantas pessoas foram atingidas, mas a bacia do rio Guandu, de onde vem a água, abastece cerca de 9 milhões de fluminenses.

A Cedae continua a atestar a qualidade da água do Guandu. Segundo a estatal, a cor amarronzada se deve à presença, já confirmada, de uma substância orgânica produzida por algas, a geosmia.

No primeiro pronunciamento sobre a crise, na última quarta (15), o presidente do órgão, Hélio Cabral, disse que a empresa já está resolvendo o problema, mas não apresentou prazos.

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Em uma cena que faz lembrar a política dos anos 1950, ele chegou a beber um gole da água, que ele diz ser potável. "Eu moro em uma casa, bebo água da bica. Confio na qualidade", declarou.

Os fluminenses, por sua vez, não têm a mesma confiança que o executivo. Moradores da Baixada têm feito estoque de água mineral em suas casas para evitar consumir a água fornecida pela Cedae.

água - Ricardo Cassiano - 15.jan.2020/Agência O Dia - Ricardo Cassiano - 15.jan.2020/Agência O Dia
Presidente da Cedae bebê copo de água no Rio
Imagem: Ricardo Cassiano - 15.jan.2020/Agência O Dia

A demanda tem sido tão alta que supermercados da região estão ficando sem o produto. Em uma unidade da Tijuca, o UOL registrou que um novo carregamento de garrafas acabou em 5 minutos.


Não é de surpreender. Os fluminenses têm recorrido às redes sociais para exibir a água que recebem em casa. No Complexo do Alemão, na zona norte da capital, há registro de caixas d'água que parecem poços de lama.


Se um vídeo não vale mais do que mil palavras, há pelo menos um punhado delas que também atestam para os perigos da água.

A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) emitiu uma nota na última quarta (15) em que atesta que a uma "evidente degradação ambiental" dos mananciais utilizados para o abastecimento no Rio "compromete a qualidade da água, dificulta seu tratamento e pode colocar em risco a população".

O UOL não consegue dizer se a água tomada por Cabral veio de uma bica, mas certamente não veio da torneira desta moradora do Cordovil, também na zona norte, que gravou a água da torneira da sua casa, supostamente potável, nesta quinta-feira (16).

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