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DF terá que indenizar paciente que ficou três anos com gaze no abdômen

Fachada do Hospital Regional de Santa Maria, no Distrito Federal - Reprodução
Fachada do Hospital Regional de Santa Maria, no Distrito Federal Imagem: Reprodução

Nathalia Zôrzo

Colaboração para o UOL, de Brasília

18/01/2020 19h36

O Governo do Distrito Federal terá que pagar R$ 25 mil de indenização a uma mulher que teve uma gaze esquecida em seu abdômen após passar por uma cirurgia no Hospital Regional de Santa Maria, da rede pública. O procedimento médico, para retirar pedras na vesícula, foi realizado em setembro de 2015 e a vítima, Aurineide Mota Lima, viveu com a compressa dentro da barriga até junho de 2018.

Em entrevista ao UOL, o advogado de Aurineide, Josué Teixeira, conta que desde o dia da cirurgia sua cliente começou a sentir incômodos na região do abdômen, mas sempre suportou a dor, achando ser era normal por causa do pós-operatório.

Após quase três anos, no entanto, as dores ficaram mais intensas e ela resolveu procurar a emergência de um hospital particular, que constatou o objeto estranho por meio de exames de imagem. Aurineide, então, teve que se submeter a uma segunda cirurgia e ficou afastada do trabalho por mais de 70 dias, além de adquirir uma cicatriz maior.

O governo chegou a dizer, em juízo, que não houve erro médico, mas o juiz substituto da 1ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, André Silva Ribeiro, entendeu que os documentos e relatórios médicos não deixam dúvidas de que houve falha no serviço prestado —o que gera obrigação de indenizar.

Em sua decisão, o magistrado afirmou que "esquecer material no corpo de um paciente é uma negligência séria". Além de condenar o governo a indenizar a mulher por danos morais, ordenou o pagamento dos valores que ela gastou com medicamentos. A decisão é do dia 13 de janeiro.

O advogado da vítima criticou a falta de preparo da equipe médica. "Tem que ser feita a contagem de gazes e instrumentos antes e depois de iniciar qualquer procedimento, e se estiver faltando algum, ele tem que ser procurado até ser encontrado. O paciente não pode ser 'fechado' sem esse material que não foi encontrado", ponderou a defesa.

Segundo Teixeira, a vítima ainda analisa se vai recorrer da decisão para tentar uma indenização maior, já que ela havia pedido R$ 200 mil.

Procurada pelo UOL, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal não informou se vai recorrer. Disse apenas que ainda não foi notificada da decisão.