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Filho de vereador no interior de SP é preso suspeito de matar os pais

Polícia diz que carabina utilizada no crime foi encontrada enrolada em um saco plástico em propriedade rural do tio do suspeito - Polícia Civil/Divulgação
Polícia diz que carabina utilizada no crime foi encontrada enrolada em um saco plástico em propriedade rural do tio do suspeito Imagem: Polícia Civil/Divulgação

Marcelo Casagrande

Colaboração para o UOL, em Araçatuba

29/01/2020 22h38

A Polícia Civil prendeu hoje à tarde em Santo Expedito (a 602 km de São Paulo), o filho mais novo do ex-prefeito e vereador da cidade Valfrido Cauneto, suspeito de matar o pai de 76 anos. O homem de 39 anos também é suspeito de matar a mãe, Maria Vanda Bernardelli Cauneto, 68. Ao ser detido, ele confessou a autoria dos crimes.

A prisão de Gustavo Bernardelli Cauneto foi feita no sítio dele, que fica próximo ao local do crime. "Quando a equipe chegou no imóvel, o suspeito correu e se trancou em um banheiro. Ele resistiu à prisão e negou num primeiro momento. Depois, confessou o assassinato", afirmou ao UOL o delegado responsável pelo caso, Matheus Nagano.

As investigações apontam que as mortes podem ter relação com dinheiro ou até mesmo à herança que as vítimas deixariam aos filhos. "O suspeito não falou sobre a motivação, mas sabemos que ele e o pai tinham desavenças anteriores. A vítima emprestou dinheiro ao filho", esclareceu.

Em depoimento, o suspeito não deu detalhes da dinâmica da morte. "Ele alega que não se lembra de nada do momento do crime. Disse apenas que agiu sozinho". O filho do vereador afirmou ainda que teve um surto psicótico. "Ele disse que teve uma amnésia instantânea e por isso não lembra nada do crime", afirmou Matheus Nagano.

Mesmo com a informação dada por ele que teria agido sozinho, a polícia ainda aguarda exames que comprovem que nenhuma outra pessoa esteve com o suspeito na cena do crime.

Apesar da prisão ter sido feita seis dias após o duplo assassinato, desde o começo, a linha de investigação já caminhava para o envolvimento de alguém próximo das vítimas. "A porta não tinha sinais de arrombamento. E a pessoa que cometeu o crime sabia onde ficava o equipamento usado para gravar as imagens das câmeras de segurança", explicou o delegado.

Jogou as provas na água

Segundo a Polícia Civil, o DVR com a gravação do sistema de monitoramento e a arma usada no crime foram jogados em um lago que fica na propriedade rural de um tio do suspeito. A espingarda carabina calibre 38 estava enrolada em um saco plástico. "Ele usou silenciador, por isso, ninguém ouviu o barulho dos disparos", explicou o delegado.

O uso do silenciador leva a crer que o crime pode ter sido premeditado. "Ainda é cedo para afirmar a premeditação, mas os indícios caminham para isso", complementou. A arma pertence ao suspeito e era usada para caça.

Uma equipe da polícia fará novas buscas na área para tentar localizar o equipamento de gravação. Mas a água pode ter danificado de maneira irreversível o gravador eletrônico.

Irmão do suspeito encontrou os corpos

O crime aconteceu na madrugada do dia 23, na propriedade rural em que as vítimas moravam. O filho mais velho do casal, e irmão do suspeito, foi quem chamou a polícia. Ele encontrou os corpos dos pais caído no quarto do casal.

Isso aconteceu após o homem chegar ao local - como fazia todos os dias - por volta das 4h30. Eles ordenhavam as vacas da família sempre no mesmo horário.

O vereador levou pelo menos dois tiros: um na cabeça e outro na axila. Já a esposa dele foi atingida na perna, no peito e em um dos olhos.

Ainda faltam provas materiais

A perícia esteve no local para colher elementos que vão ajudar a materializar as provas do crime. O delegado aguarda os resultados dos exames de balística, de DNA, além do laudo do Instituto de Criminalística e do exame necroscópico dos corpos.

Gustavo foi levado hoje à tarde para a Cadeia Pública, de Presidente Venceslau (a 613 km de São Paulo). Ele ficará preso temporariamente por 30 dias. O UOL não localizou a defesa do suspeito para comentar a prisão.

Cidade é pacata

O crime chocou a cidade de pouco mais de 3 mil habitantes que, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, não registrava um homicídio desde 2014.

Era nesse cenário de calmaria que Valfrido Cauneto cumpria seu sexto mandato consecutivo como vereador. Valfrido que era filiado ao Progressistas também foi prefeito entre os anos de 1973 e 1977. O segundo mandato no Poder Executivo foi entre 1983 e 1988.

Maria Vanda também tentou entrar para a política por duas vezes. Ela disputou uma cadeira na Câmara nas eleições de 2012 e 2016, mas não se elegeu.