Em 10 anos, estado de SP gasta R$ 3,6 bi de verba de R$ 6,2 bi contra chuva
Levantamento realizado pela reportagem do UOL apontou que o governo gastou R$ 3,6 bilhões do valor de R$ 6,2 bilhões previstos para prevenir enchentes no estado de São Paulo desde 2010. O valor investido corresponde a 58% do orçamento estimado.
Na madrugada e manhã dessa segunda-feira (10), um temporal paralisou a capital paulista, com carros e pessoas ilhadas nas ruas. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) a chuva que caiu foi equivalente a metade das precipitações esperadas para todo o mês de fevereiro.
O programa de prevenção de enchentes, executado pelo governo do estado, é uma das medidas que o poder público administra para amenizar o problema. Segundo especialistas, este planejamento precisa ser urgentemente revisado.
A análise foi feita com a comparação entre os valores previstos na Lei Orçamentária e com o gasto efetivamente feito no programa "Infraestrutura Hídrica, Combate a Enchentes e Saneamento", do governo estadual.
O programa tem como objetivo "ampliar a capacidade de serem evitadas enchentes, especialmente em áreas metropolitanas, para prevenir riscos de afogamentos, contaminação hídrica, veiculação de doenças (leptospirose, cólera), interrupção de atividades econômicas nas áreas atingidas, transtornos na mobilidade urbana".
Para Horácio Figueira, engenheiro especialista em trânsito, as obras apenas "enxugam gelo". De acordo com o especialista, o programa se dedica a solucionar as consequências, e não as causas, de um problema antigo na capital paulista, as enchentes.
Para ele, o solo asfaltado, que não permite a passagem da água da chuva, é a principal razão do transbordamento dos dois principais rios que cortam a capital paulista, o Pinheiros e o Tietê.
A prevenção, e principalmente uma reavaliação do programa do governo sobre as marginais, são medidas que Figueira aponta como eficazes para que episódios como o que aconteceu não se repitam: "A chuva é diferente do trânsito: a hora que está engarrafado, tudo para. A água continua escoando, mesmo com os rios cheios".
Rio Pinheiros tem maior alta em 15 anos, diz governo
Em nota, o governo do estado anunciou que as equipes do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) e da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) estão atuando desde a noite de domingo (9) por causa das fortes chuvas que provocaram o transbordamento dos rios Tietê e Pinheiros.
Nesta segunda-feira (10), segundo o governo, o nível do rio Pinheiros subiu 5 m, e chegou a 719,6 m, o maior dos últimos 15 anos, ultrapassando a altura de 718,9 m registrada em maio de 2005 (a medição é com base no nível do mar que, normalmente, no canal Pinheiros é inferior à de 714,5 m).
A Defesa Civil e o Instituto Geológico realizam o mapeamento e vistorias em áreas de risco para escorregamento e operacionalizam os planos preventivos. Os trabalhos ocorrem em parceria com as prefeituras, que indicam os pontos prioritários para intervenção.
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