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Homem aguarda mais de 35 horas em hospital para retirar lâmina das costas

Lâmina ficou alojada nas costas de Oliveira - Arquivo pessoal
Lâmina ficou alojada nas costas de Oliveira Imagem: Arquivo pessoal

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

17/02/2020 20h39Atualizada em 18/02/2020 11h36

"Está sendo desesperador ver meu marido assim. Ele está só deitado e de bruços. Com dor, sem poder comer, sem usar o banheiro". Esse é o relato da mulher de um paciente que ficou mais de 35 horas com uma faca cravada nas costas aguardando por uma cirurgia em um hospital público do Distrito Federal.

Um amigo da vítima, identificado como Leandro Oliveira, disse que seu colega foi esfaqueado após se desentender com dois homens que frequentavam um bar na região do Recanto das Emas.

"Dois homens estavam usando drogas no banheiro. Meu amigo queria usar [o banheiro] e eles não deixavam. Houve uma conversa e ele entrou. Como a dupla não gostou de ser contrariada, esperou meu amigo sair da cabine do banheiro e atingiram ele com uma facada nas costas", afirmou Leandro.

A mulher do paciente, que não quis se identificar, contou à reportagem do UOL que seu marido procurou o Hospital Regional de Taguatinga na madrugada de ontem para cuidar da ferida. Porém, o homem foi informado que não havia médico para realizar a cirurgia.

"Chegamos por volta de 1h30 da manhã no hospital. Alguns exames foram feitos, como raio-x e tomografia. Os resultados mostraram que a faca estava localizada em uma área da coluna. Então, o caso só poderia ser tratado por um neurologista. Mas esse médico (com essa especialização) só estava disponível no Hospital Regional do Paranoá", disse a mulher.

Ainda segundo a mulher da vítima, o homem ficou esperando até as 15h30 de hoje no Hospital Regional de Taguatinga para ser transferido para o Paranoá. As duas regiões ficam a 39 km de distância.

Segundo a Secretaria de Saúde, o paciente foi transferido do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) para o Hospital da Região Leste (Paranoá) na tarde dessa segunda-feira e foi operado à noite. O procedimento foi realizado pela equipe de especialistas em coluna, com apoio da cirurgiões gerais. A cirurgia transcorreu normalmente e o paciente deve ter alta da UTI nesta terça-feira.

Antes da cirurgia, a mulher dele disse que a situação era "revoltante". "Dói muito vê-lo sentir dor e sem poder se movimentar. É revoltante. A gente vê no rosto dele o incômodo, o desespero. O cabo da faca quebrou, mas o raio-x mostra a lâmina de 4 cm dentro dele. Ele tomou alguns remédios, mas precisamos logo dessa cirurgia. Temos medo que fique alguma sequela."