Três adolescentes são investigados por planejar ataque a escola no RS
Três adolescentes, com idades entre 15 e 14 anos, estão sendo investigados desde o início da semana por planejar um ataque a uma escola em Porto Alegre. Um deles chegou a postar uma mensagem em uma rede social recrutando "cobaias" para a ação. Uma das exigências era que soubesse "fazer um massacre" para ajudá-lo na investida. No texto, o adolescente diz que já dispunha de quatro canivetes, dois coquetéis molotov, quatro bombas de veneno caseiras e duas máscaras. Ele alertou ainda que "em breve" conseguiria as armas.
O nome da escola não está sendo divulgado, nem mesmo a localização ou se é pública ou privada. Os detalhes da investigação foram repassados hoje pela Polícia Civil.
Na casa de um adolescente de 15 anos foram encontrados réplicas de uma pistola e uma carabina de airsoft, nas quais são utilizadas balas de plástico.
"Não são armas reais, mas são armas que poderiam ser utilizadas para ameaçar e, eventualmente, ampliar esse leque e fomentar alguma ação em Porto Alegre", observa a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor.
"Com essas armas, como não são letais por si só, poderia acontecer um pânico generalizado, uma alta intimidação, uma perda de tranquilidade tremenda dentro do ambiente escolar", complementa o delegado Thiago Albeche, responsável pela investigação.
Segundo a diretora do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), Shana Luft Hartz, a possibilidade dos adolescentes concretizarem o ataque era "alta" caso conseguissem uma arma de verdade. Em agosto do ano passado, um homem entrou com um machado em uma escola em Charqueadas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e deixou três alunos e uma professora feridos.
Também foram localizados fogos de artifícios, carregadores, dois pacotes de munições de airsoft, uma bandeira verde-oliva e um bastão. Já com um jovem de 14 anos foi apreendido um caderno com anotações que vai passar por análise dos investigadores. A investigação iniciou após um dos adolescentes de 15 anos publicar nas redes sociais que cometeria um ataque amanhã. Depois, ele mudou de ideia e avisou que praticaria a ação a qualquer momento, o que colocou a polícia em alerta.
Ele foi identificado pela escola e levado para a delegacia. Em seguida, o adolescente de 14 anos apresentou-se nas redes sociais como quem executaria o plano do seu antecessor e indicando quais materiais já possuía. Logo após, o terceiro jovem, que é quem estaria com as armas, foi identificado.
Nas mensagens, os adolescentes chegaram a mencionar o ataque de Suzano, que deixou oito pessoas mortas, além dos dois atiradores. Fora as réplicas das armas, o grupo acertava em conversas a utilização de facas e coquetéis molotov no futuro ataque. A diretora do DPGV pede para que pais e professores prestem atenção em possíveis sinais.
"São adolescentes que tinham problemas anteriores, que tinham problema de desvio de atuação social, desvio de conduta. Prestem atenção nesses sinais e tragam ao conhecimento das autoridades", salientou Shana.
Já Albeche orienta os pais desses três adolescentes a procurarem acompanhamento psicológico aos filhos.
"Não existe um padrão que desencadeia o comportamento, mas muitos deles possuem algum problema intra-familiar, possuem algum sentimento de solidão e começam a alimentar algumas ideias autodestrutivas e podem externar essa ofensa para outras pessoas. Então, um problema de casa pode se tornar um problema da escola, especialmente quando dentro da escola existia um contexto de bullying, que pode desencadear uma questão mórbida. Então tem toda uma questão psicológica por trás disso", explica Albeche.
O delegado entende que os adolescentes podem ter se organizado para planejar o crime por curiosidade.
"Alguns adolescentes querem saber o que motivou outros adolescentes a praticarem massacres em outros contextos. O que eles sentiram? O que motivou? Eles querem entender isso para ver se eles encontram até mesmo essa identificação", salienta o delegado.
A polícia está ainda analisando por qual crime vai indiciar os jovens. Eles não foram apreendidos, mas estão sendo monitorados pelas autoridades.
"Eles estão em casa, em liberdade. Nós estamos aprofundando as investigações até mesmo pela definição do ato infracional. Mas, por via de regra, essa apreensão não ensejava nenhuma atitude mais invasiva, segregadora. Estamos apurando para ver se temos outras circunstâncias que possam denotar algo mais grave", observa Albeche.
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