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Confinados em navio há um mês, brasileiros aguardam desembarque nos EUA

Navio está na costa da Flórida, nos Estados Unidos - Arquivo pessoal
Navio está na costa da Flórida, nos Estados Unidos Imagem: Arquivo pessoal

Maria Luisa de Melo

Colaboração para o UOL, no Rio

15/04/2020 14h13

Cerca de 2.000 tripulantes - entre eles dez brasileiros - do Symphony of the Seas, o maior cruzeiro do mundo, estão confinados na embarcação há um mês, impedidos de desembarcar nos Estados Unidos. O navio pertence à Royal Caribbean - uma das empresas líderes do setor. Segundo os tripulantes, um paciente com sintomas de covid-19 morreu e há pelo menos outros 50 apresentando os mesmos sintomas. Mas não são feitos testes para a detecção da doença e também não há previsão de desembarque.

"Estamos em alto-mar desde o dia 13 de março. Neste período, o navio saiu daqui três vezes, para reabastecimentos em Miami, depois voltou. Os EUA não deixam a gente desembarcar e voltar para nossas casas. Querem o quê? Que vire um navio fantasma? Querem que morra todo mundo?", desabafa o garçom brasileiro Marlus Martins.

"A companhia está nos dando suporte, cuidando da gente, está fazendo todo o o possível. Mas soubemos que o impedimento é do CDC (Centers for Disease Control and Prevention/ Centro de Controle e Prevenção de Doenças), que já confirmou 31 infectados no navio. Mas temos informações de que o número chegaria a 50, porque há muitas pessoas com os sintomas da doença. Uma delas morreu. Precisamos da ajuda do consulado brasileiro e do Itamaraty. Estamos desesperados", completa o tripulante.

Ainda segundo os funcionários, há cerca de duas semanas, com o crescimento da pandemia, eles foram isolados em cabines. Ali chegam refeições diárias. Mas faltam informações.

Na costa da Flórida, onde está o 'Symphony of the Seas', há pelo menos outros quatro navios na mesma situação. Um deles já teve seis mortes registradas, o que deixa os tripulantes ainda mais desesperados.

"A gente quer estar junto da nossa família neste momento. Mas não conseguimos sair daqui. O CDC não permite que a gente entre em um voo comercial, só se for fretado", completa Marlus.

Procurada para explicar as providências que vêm sendo tomadas para desembarcar e prevenir a população contra a covid-19 no navio, a Royal Caribbean informou, por meio de nota, que está empregando esforços para apoiar a tripulação. Mas não dá prazo para o desembarque dos brasileiros.

"Seguimos todas as orientações das autoridades e agradecemos o trabalho em conjunto neste momento. Estamos repatriando nossos colegas tripulantes através de uma combinação entre voos comerciais, voos fretados e desembarques nos portos.", diz trecho do comunicado.

Leia o comunicado na íntegra:

"Estamos empregando nossos melhores esforços para apoiar a tripulação que está a bordo neste momento difícil. Trabalhamos para proteger sua saúde e levá-los para casa o mais breve possível.

Seguimos todas as orientações das autoridades e agradecemos o trabalho em conjunto neste momento. Estamos repatriando nossos colegas tripulantes através de uma combinação entre voos comerciais, voos fretados e desembarques nos portos."