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Conflito no campo em 2019 foi o maior em 14 anos; luta por água foi recorde

shellhawker/Getty Images/iStockphoto
Imagem: shellhawker/Getty Images/iStockphoto

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

17/04/2020 10h00

O Brasil teve em 2019 o maior número de conflitos no campo dos últimos 14 anos, segundo relatório divulgado hoje pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), órgão ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Dentre os casos, o documento destaca o recorde nas disputas por água.

As mortes decorrentes de conflitos no campo também cresceram no ano passado, com 32 homicídios — 14% a mais do que os 28 registrados no ano anterior. Também houve alta de 7% nas tentativas de assassinato (28 para 30) e de 22% nas ameaças de morte (165 para 201).

Os 1.883 episódios de conflitos no campo em 2019 envolveram 859 mil pessoas e 53 milhões de hectares e superaram em 23% os casos registrados em 2018 (1.489).

A CPT chama atenção para o maior número de indígenas assassinados em 11 anos — 7 mortos. "De cada três famílias em conflito por terra, uma era indígena", diz o relatório.

Água no centro dos conflitos

A CPT também sublinha o crescimento nos conflitos por água, os maiores desde 2002, quando a organização passou a catalogar as razões pelas disputas. Foram 489 casos no ano passado, 77% mais que em 2018 (quando foram 276 ocorrências), envolvendo 69 mil famílias.

Três estados —Minas Gerais (128); Bahia (101) e Sergipe (69)— somam juntos 61% desses conflitos.

"189 foram provocados pela mineração; 177 por empresários; 54 por hidrelétricas; 33 por governos", diz a CPT.