Laudo diz que Rafael Winques foi estrangulado e contraria confissão da mãe
A perícia realizada no corpo do menino Rafael Mateus Winques, 11, que estava desaparecido desde 15 de maio e foi encontrado morto ontem, apontou que a causa da morte foi estrangulamento. A versão contraria a confissão feita pela mãe do menino, que, segundo a polícia, assumiu ter matado involuntariamente a criança após dar uma alta dose de um tranquilizante a ele. Ela está presa temporariamente.
O corpo de Rafael foi encontrado ontem à tarde na garagem de uma casa, a cinco metros de distância da casa da família em Planalto (RS), a 424 km de Porto Alegre. A localização foi indicada pela mãe, Alexandra Dougokenski, 32, que disse ter dopado o filho com diazepam, enrolado o corpo em um lençol e arrastado até o local. Segundo a polícia, a mulher não tem defesa constituída.
O diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI) da Polícia Civil, Joerberth Pinto Nunes, afirmou que os investigadores ainda aguardam por outros laudos periciais, como a análise do sangue do garoto, para saber se, de fato, ele foi medicado.
Ontem, papiloscopistas do Instituto-Geral de Perícias (IGP) estiveram onde o corpo foi encontrado e recolheram digitais que podem indicar se a mãe agiu sozinha ou se contou com a participação de alguma outra pessoa.
"Já a perita responsável verificou a situação em que o corpo foi encontrado e elementos que confirmem a ocultação do cadáver. Ainda foram buscadas provas periciais para confirmar ou descartar a hipótese de premeditação do crime", informou o IGP em nota.
A polícia passou a desconfiar da mãe por agir "muito serena e muito tranquila" apesar do desaparecimento do filho, segundo o delegado. Além disso, a mulher, ao invés de procurar inicialmente a Polícia Civil ou Brigada Militar acionou primeiro o Conselho Tutelar. "A mãe procurava passar riqueza de detalhes que certamente não teria condições de saber", disse Nunes.
A mulher foi novamente chamada para prestar depoimento e acabou confessando o crime. "Foi um depoimento exaustivo, com técnicas para mostrar para a mãe perguntas que estavam nebulosas. Foi mostrado para a mãe toda a evidência de fatos e ela começou a chorar e imediatamente confessou os fatos", afirmou o delegado.
A mulher disse que administrou o remédio pois o filho estava muito agitado. "Como ela tinha certeza que estava morta e não desfalecida? Ela não soube dizer", observou o delegado.
Da delegacia, a mãe foi levada até a garagem, indicando o local onde estava o corpo. A Justiça aceitou o pedido de prisão temporária e, segundo Nunes, ela já está no sistema prisional. A prisão não foi informada.
Na casa havia outro filho da mulher, de idade não revelada, que estaria dormindo. Já o companheiro dela estava trabalhando em Ametista do Sul, a 24 km de distância.
Inicialmente, a polícia trabalhava com três hipóteses: saída voluntária da criança - o que foi descartado pelo comportamento introvertido do menino; ação de terceiros, que teriam retirado a criança de dentro da casa; e homicídio dentro da residência. A última acabou ganhando força nos últimos dias.
Segundo a polícia, foi encontrado sangue na residência, que agora vai passar por análise para saber se é humano e se era do menino. O corpo estava em avançado estado de decomposição.
"Tua família está desesperada", escreveu a mãe
No dia seguinte ao desaparecimento, a mulher chegou a postar uma mensagem nas redes sociais demonstrando preocupação com o sumiço do filho.
"Filho, onde quer tu estejas, por favor, dá notícia para a mãe. Me diz se tu estás bem. A mãe está muito preocupada meu pequeno. Sabe o quanto a mãe te ama. Volta para casa, por favor, tem muita gente te aguardando", escreveu.
"Tu vai ficar surpreso quando ver o tanto de gente que te ama. Volta filho, por favor. Tua família está desesperada. O mano está com saudades e teus amigos também. Dá um sinal de onde tu está, por favor."
"Amor de guri", diz professora
O menino era considerado um aluno exemplar no Instituto Estadual de Educação Padre Vitório, no qual cursava o sexto ano do Ensino Fundamental. "O Rafa era um amor de guri, aluno exemplar, sossegado, inteligente. Era um excelente aluno pelas notas boas e comportamento", conta a professora Ladejane Ravagio, 42 anos, que lecionou para ele até o ano passado.
Segundo a professora, o garoto era "muito bem cuidado" pela mãe e, por isso, ela não foi considerada suspeita inicialmente. "Sempre estava bem apresentado, cheiroso. Até último momento, não conseguia (entender) que ela tivesse envolvimento nisso. É difícil enxergar uma mãe tão cuidadosa e acontecer uma atrocidade dessa. É difícil fazer essa relação. A mãe sempre levava o Rafa até a escola, sempre acompanhou. A gente nunca viu o Rafa andando sozinho". Ainda segundo a professora, o menino era tímido e gostava bastante de matemática.
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