Máscara, dízimo e oração por presidente: o retorno dos cultos de Malafaia
O pastor Silas Malafaia promoveu quatro cultos entre a manhã e a noite de ontem (5) para milhares de fiéis no templo da Assembleia de Deus Vitória em Cristo na Penha, zona norte do Rio. Após mais de três meses sem cultos presenciais, a igreja recomeçou nos últimos dias a promovê-los em seus templos. Os cultos acontecem abaixo da capacidade das igrejas —cadeiras vazias separam os fiéis para garantir distanciamento— e anúncios proíbem a permanência no templo sem máscaras.
"Vamos orar pelo presidente, o mandatário da nação, para Deus dar sabedoria para conduzir essa nação", pregou Malafaia, sem citar nominalmente Jair Bolsonaro (sem partido). O líder religioso, que resistiu a fechar os cultos no início da quarentena, também pediu orações para o combate ao coronavírus e em próprio benefício.
Na noite de 18 de março, em meio ao começo das medidas de isolamento, o UOL acompanhou Malafaia em um templo de Campo Grande, zona oeste carioca. Na ocasião, ele disse à reportagem que só fecharia os cultos com ordem judicial e se referia à pandemia como "paranoia". Dois dias depois, Malafaia decidiu cancelar as pregações presenciais.
O pastor usou as redes sociais nos últimos meses para defender Jair Bolsonaro (sem partido). No mês passado, participou de um encontro de pastores com o presidente no Palácio do Planalto, em Brasília.
Máscaras e borrifada de álcool
A retomada ocorreu no maior templo da igreja, com capacidade para até 6.000 pessoas, após a igreja adotar cultos online durante a quarentena.
A movimentação foi intensa ao longo do dia, com ocupação de até 30% da capacidade —cerca de 2.000 fiéis. O primeiro culto começou às 10h30, e o último, às 19h30. Seguranças na porta do templo impediam a entrada de fiéis após 30 minutos de pregação.
Por volta das 17h40, em meio ao terceiro culto do dia, uma fiel que chegou atrasada ao local encontrou um jeito de assistir pelo YouTube, em transmissão ao vivo, sentada na calçada em frente ao templo, que tem capacidade para 6.000 pessoas.
Enquanto observava o celular, ela folheava a Bíblia sobre as suas pernas para acompanhar os trechos citados do pastor. Após o encerramento do terceiro culto, por volta das 18h30, houve aglomeração.
Em seguida, fiéis entravam no templo para acompanhar a última apresentação. Era comum ver pessoas ajoelhadas no chão, cotovelos apoiados nos assentos, enquanto oravam por alguns minutos. Bíblias eram usadas para reservar os lugares, isolados em meio a cinco cadeiras, como forma de garantir o isolamento social.
Na porta, um homem de terno e gravata borrifava álcool nas mãos de quem entrava. Dois telões ao lado do palco orientavam: "É proibido retirar as máscaras no interior do templo". Mas algumas pessoas retiravam o equipamento de proteção no lado de fora do templo.
"Tem gente que sonega dízimo", critica Malafaia
Pessoas a serviço do templo caminhavam entre os fiéis com máquinas para receber doações em cartões de crédito e débito. Malafaia reforçava a importância do dízimo, relacionando o tema com a honestidade dos fiéis, que deveriam dar contribuições à altura do poder aquisitivo.
Tem gente que é honesta lá fora. Mas aqui dentro, não. Sonega dízimo, a oferta não condiz com aquilo que ele recebe
Após exibir um painel no telão enumerando o país, o presidente, a pandemia, os fiéis e seus parentes como motivos de oração, Malafaia citou o presidente. "Que Deus o dê sabedoria para conduzir essa nação", disse.
Em seguida, citou a importância da oração no combate à pandemia.
Senhor, livra o Brasil dessa pandemia. Sai! Seja repreendido em nome do Brasil, coronavírus. Todo esse espírito de morte, sai da nossa nação. Guarda teu povo, pai. Imuniza!
E encerrou pedindo orações em seu nome. "Me ponha aí na sua oração, mermão. O satanás e os seus aliados querem beber meu sangue. Vocês pensam que é brincadeira?", questionou.
Ele então disse que seus supostos inimigos são os poderosos, mas não se disse quem seriam. "Como é que eu vou lutar contra homens poderosos? É claro, eles querem me sangrar, querem me desmoralizar. Tô mexendo em vespeiro. Eles não querem que um pastor tenha voz."
O UOL procurou o pastor no fim da pregação, mas ele não quis dar entrevista.
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