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Rondônia: Homem mata e arranca dedos de idosa para usar biometria no banco

Os dentistas Dionélia Giacometti e Eldon Mai, que foram assassinados em Rondônia - Arquivo pessoal
Os dentistas Dionélia Giacometti e Eldon Mai, que foram assassinados em Rondônia Imagem: Arquivo pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Ponta Grossa (PR)

09/07/2020 15h10

Uma dentista de 74 anos teve quatro dedos das mãos arrancados após ser assassinada por um inquilino, em Colorado do Oeste, a 760 quilômetros de Porto Velho. A investigação apontou que o suspeito, um feirante de 38 anos, confessou o crime e justificou ter decepado os dedos da vítima para usar a biometria em um saque no caixa eletrônico de uma agência bancária.

O crime foi descoberto anteontem, quando o suspeito - que não teve identidade revelada - foi interceptado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) com o carro da vítima no município de Vilhena. Ele alegou que emprestou o veículo, mas depois confessou o assassinato de Dionélia Giacometti e do marido dela, o também dentista Eldon Mai, de 74 anos. O casal estava desaparecido desde domingo (5).

Suspeita de latrocínio

Segundo a Polícia Civil, a intenção do suspeito era matar o casal para roubar, o que caracteriza o crime de latrocínio. Ele morava alugado em uma casa no mesmo terreno das vítimas. Após assassinar a dentista, o feirante amputou com uma faca quatro dedos dela e os levou no bolso da calça até uma agência bancária para usar a biometria da vítima em saques. Ele não conseguiu fazer as movimentações.

"O infrator amputou os dois dedos indicadores e polegares, de ambas as mãos. Ou seja, cortou quatro dedos da vítima do sexo feminino. O intuito, ao amputar os dedos da vítima foi, de fato, para tentar sacar dinheiro no caixa eletrônico, para a leitura biométrica. Aliás, com uma fita crepe, ele colocou os dedos no bolso da calça e foi ao banco. Não conseguiu com as senhas nem com a biometria", disse o delegado Núbio Lopes, que colheu o depoimento do suspeito.

Crime de madrugada

De acordo com a Polícia Civil, o crime ocorreu quando o marido da aposentada saiu de madrugada. Depois de não conseguir sacar o dinheiro de Dionélia, o suspeito aguardou a outra vítima chegar, no período da tarde, para também matá-la. Ambos teriam sido assassinados a pauladas. As vítimas foram atraídas para a casa do inquilino ao receberem um chamado de um suposto vazamento no imóvel.

Depois do crime, o suspeito e a esposa dele fugiram no carro da dentista. Eles também levaram demais pertences pessoais das vítimas. A mulher do feirante é investigada pelo crime como a suposta mentora. Com o casal, ainda estava a filha, de 10 anos, levada para o Conselho Tutelar de Vilhena.

"O Eldon saiu de casa de madrugada e retornou volta das 15h. Então, a Dionélia ficou sozinha. O casal a atraiu até a casa, que fica no mesmo terreno. Pelo que consta, não temos com precisão da participação da esposa do suspeito, mas apreendemos uma agenda com letra feminina com o passo a passo do crime", informou o delegado Fernando Matias, que comanda as investigações em Colorado do Oeste.

Prisão temporária

Segundo o inquérito, foi o próprio suspeito que indicou aos policiais o local onde enterrou os corpos, em uma área de mata do município de Chupinguaia. Os cadáveres estavam em covas separadas.

A Justiça decretou prisão temporária do casal suspeito por 30 dias. Ambos têm ficha criminal por tráfico de drogas e tentativa de homicídio. Eles ainda não constituíram advogados, segundo a Polícia Civil, que ainda quer saber se outras pessoas ainda participaram do crime.

"Na casa moravam seis pessoas, sendo o casal e a criança, e mais um adulto e dois adolescentes", disse Matias.

Grupo de risco de covid

Dionélia era servidora lotada no Hospital de Clínicas Raimundo Chaar em Brasileia, no Acre. Ela estava afastada do trabalho por ser do grupo de risco da covid-19. O marido dela era aposentado.

O Conselho Regional de Odontologia (CRO) de Rondônia emitiu nota de pesar pelas mortes. A entidade informou que o casal de dentista graduou no mesmo ano, em 1970, na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Dionélia era natural de São Paulo, enquanto Eldon do Rio Grande do Sul.

"Profissionais da mais alta capacidade, respeitados, Eldon Mai e Dionelia Giacometti dedicaram suas vidas à odontologia. O CRO manifesta suas profundas condolências à família e amigos", disse a entidade, em nota.