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Polícia escocesa paga por pistas e faz caça a 'irmãos Pablo Escobar' no CE

Os irmãos Barry e James Gillespie, procurados pela polícia escocesa - Divulgação
Os irmãos Barry e James Gillespie, procurados pela polícia escocesa Imagem: Divulgação

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

30/07/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Recompensa por informações sobre James e Barry Gillespie é de 10 mil libras (cerca de R$ 67 mil)
  • Ambos são considerados muito perigosos e investigados por exportação de drogas da América do Sul para a Europa e para o Reino Unido
  • Em junho, principal aliado foi preso em Fortaleza após mandado expedido pelo STF

A polícia escocesa está à caça, no Brasil, de dois irmãos que figuram no topo da lista de criminosos mais procurados do país. Eles estariam escondidos e usando identidade falsa em Fortaleza, de onde comandariam um esquema internacional de tráfico de drogas para Europa.

Para tentar buscar pistas no Brasil, foi oferecida uma recompensa de 10 mil libras (em torno R$ 67 mil) para quem der informações sobre o paradeiro de paradeiro de James, de 47 anos, e Barry Gillespie, de 43.

"Ambos são considerados muito perigosos, e o público está alertado de que, se os virem, não devem abordá-los", diz comunicado da polícia escocesa, que classifica os dois como "irmãos Pablo Escobar" do crime no país.

Os principais crimes já imputados a eles são o comando de um sequestro e uma tentativa de assassinato ocorridos em 2015. Mas há várias outras suspeitas que recaem sobre a dupla. "Eles são procurados por graves crimes organizados, como porte de arma de fogo, sequestro, tentativa de assassinato e exportação de drogas da América do Sul para a Europa e para o Reino Unido", conta ao UOL Michael Lochrie, da polícia da Escócia.

São muitas as evidências de que os irmãos estejam no Brasil. No último dia 19 de junho, o principal aliado deles, o britânico James White, foi detido em um apartamento de luxo no bairro do Meireles, em Fortaleza, após mandado expedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ele é acusado dos crimes de tráfico de drogas, sequestro, lavagem de dinheiro, homicídio, tráfico de armas e explosivos, formação de quadrilha e outros crimes.

"Sempre tivemos uma forte convicção de que James e Barry, juntamente com James White, passavam longos períodos no Brasil. No entanto, com a prisão de James em junho, e com a apreensão de informações confidenciais, estamos certos de James e Barry estavam em Fortaleza e que eles possivelmente ainda estão. James White é um amigo íntimo e confiável de James e Barry", afirma Lochrie.

A polícia ainda não sabe quando os irmãos chegaram ao Brasil, já que eles usaram documentos falsos para viajar. Entretanto, os indícios apontados até o momento revelam que eles comandam daqui um esquema criminoso ligado a grupos organizados brasileiros.

"Por enquanto, não podemos confirmar com 100% de certeza que eles estão cometendo crimes no Brasil, mas é grande a probabilidade de que estejam trabalhando com criminosos brasileiros para enviar drogas do Brasil para a Europa", diz.

Procurada pela reportagem, a PF no Ceará informou que não iria se pronunciar sobre o caso.

Ceará, a "menina dos olhos"

Nos últimos anos, o Ceará se tornou a "menina dos olhos" dos traficantes internacionais de drogas, o que gerou uma acirrada disputa entre facções criminosas pelo comando do comércio de entorpecentes na Grande Fortaleza.

Por conta de sua localização próxima da chamada "rota Solimões" de abastecimento de cocaína vinda de países como Peru e Colômbia, e por ser mais próxima da Europa que de centros como São Paulo, Fortaleza atraiu líderes de grupos de fora do estado, em especial o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Um exemplo foi o de Gegê do Mangue, morto em fevereiro de 2018 em uma emboscada armada pela própria facção. Antes disso, Alejandro Camacho Júnior, irmão de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola (líder máximo do PCC) foi preso em Fortaleza pela PF em março de 2016.

Em dezembro daquele ano, foi a vez de Chepa, grande traficante mexicano, ser detido no Ceará. Ele era apontado como um dos três líderes do cartel mexicano de drogas "Jalisco Nova Geração" — a CJNG, considerado o mais violento do país. Ele estaria de férias com a família, segundo a versão oficial, mas a suspeita é de que prospectava mercado de drogas no Ceará.