Naja e outras serpentes apreendidas no DF chegam ao Instituto Butantan (SP)
O Instituto Butantan recebeu na manhã de hoje sete serpentes exóticas transferidas do Zoológico de Brasília, dentre elas a cobra naja que picou o estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Krambeck, hoje investigado por tráfico de animais.
Uma víbora-verde-voguel e cinco cobras-do-milho, que também pertenciam ilegalmente ao estudante, foram enviadas junto com a naja. Essas serpentes foram encontradas dentro de caixas em um haras em Planaltina (Brasília) dias depois de Pedro Henrique ser picado pela naja e revelaram um esquema de tráfico de animais exóticos na capital que ainda está sendo investigado.
Desde o dia em que foram descobertas no haras, as cobras foram levadas ao Zoológico de Brasília, que as abrigou temporariamente. Após um mês, no entanto, o zoológico informou que não teria condições de manter os animais por lá porque só acolhe espécies nativas do Cerrado ou ameaçadas de extinção no país, o que não é o caso dessas serpentes, que sequer são nativas do Brasil.
"Nós abandonamos o conceito de apenas exibir animais que as pessoas querem ver. Temos que priorizar os animais que dependem dos nossos esforços para que não desapareçam para sempre da natureza, por meio da reprodução em cativeiro, da pesquisa científica e da educação ambiental", explica o superintendente de conservação e pesquisa do Zoológico de Brasília, Filipe Reis.
Animais passam por exames
O Instituto Butantan se interessou pela guarda dos animais e, após tratativas com o Ibama, a transferência foi feita hoje. As cobras foram enviadas de avião e, segundo o instituto, chegaram ao aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, respeitando todos os protocolos de transporte definidos pelos órgãos regulatórios.
O diretor do Museu Biológico da instituição, Giuseppe Puorto, explicou ao UOL que agora as serpentes estão passando por exames clínicos gerais, vão ficar em quarentena por um período de 30 a 40 dias e somente depois desse período será definido se elas serão expostas no museu ou usadas em atividades científicas e de educação ambiental.
"Não somos uma entidade fiscalizadora, mas sim de apoio aos órgãos responsáveis. Isso se dá por conta do nosso trabalho histórico com animais peçonhentos e venenosos. Há muitos anos que o Instituto trabalha junto ao Ibama e Policia Ambiental no recebimento de animais apreendidos, tanto da fauna brasileira, como da fauna exótica", explica o diretor.
Foi graças ao Instituto Butantan, que tinha uma única dose de soro antiofídico para essa espécie, que o estudante Pedro Henrique conseguiu se recuperar do ataque peçonhento. A instituição tinha o soro porque já abriga uma cobra naja lá, que foi encontrada em Balneário Camboriú (SC) em 2017. Ela está exposta no Museu do instituto e também chegou após passar alguns dias no zoológico da cidade.
Relembre o caso
O estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Krambeck, de 22 anos, chegou a ficar preso por três dias após receber alta do hospital. Ele chegou a apresentar um atestado médico de 18 dias depois que foi liberado para casa, mas acabou detido pela Polícia Civil no dia 29 de julho por suspeita de atrapalhar as investigações sobre tráfico de animais exóticos. Na ocasião, um perito do IML acompanhou os policiais no cumprimento do mandado para verificar as condições de saúde do estudante. Ele conseguiu um habeas corpus no dia 31 de julho e foi liberado. O depoimento que Krambeck prestou à polícia está sob sigilo.
Um amigo dele da faculdade, Gabriel Ribeiro de Moura, também foi preso por atrapalhar as investigações, mas também já está em liberdade. Ele é acusado de ter levado as 16 cobras que os dois mantinham ilegalmente até o haras em Planaltina logo após o acidente com a naja.
Pedro Henrique foi multado pelo Ibama em R$ 62 mil e os pais dele, em R$ 8.500 cada.
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