Garis de Brasília dizem que foram proibidos de almoçar, e restaurante nega
Três agentes do serviço de limpeza de Brasília dizem que foram impedidos de almoçar ontem dentro de um restaurante situado na Asa Sul.
Na versão deles, houve preconceito porque estavam uniformizados, em horário de trabalho. A narrativa é contestada pela dona do estabelecimento, Vânia Costa. Ela alega que o tipo de refeição —popularmente conhecida como "marmitex"— só estava sendo vendido na ocasião em sistema de take out (quando o cliente retira o produto e o leva para consumir fora).
Até o momento, não há informações se episódio gerou ou não um boletim de ocorrência na Polícia Civil. O SLU (Serviço de Limpeza Urbana), autarquia do Distrito Federal, aguarda o fim do expediente dos funcionários para colher mais informações e verificar a possibilidade de medidas legais.
Os relatos dos dois garis e de uma fiscal de limpeza foram publicados hoje pelo site "Metrópoles" e, posteriormente, confirmados pelo UOL com o SLU.
O presidente da autarquia, Jair Tannús, manifestou-se por meio de nota. "É muito triste constatar que ainda existem pessoas que olham com preconceito e discriminam pessoas que realizam um trabalho essencial para todos, como é o caso dos garis."
"O ato ocorrido ontem só reforça a necessidade de um trabalho permanente de valorização dos profissionais responsáveis pela limpeza pública no DF", completou ele.
De acordo com o "Metrópoles", a cena ocorreu no restaurante Brasil, localizado na quadra 312 sul.
Dizem os agentes que, após a aquisição das marmitas, eles foram coagidos a se retirar. Uma funcionária do restaurante ainda teria sugerido uma alternativa, segundo eles: comer a refeição nos fundos do estabelecimento.
Ao UOL, Vânia Costa confirmou que a fiscal de limpeza do SLU se sentiu ofendida quando foi informada que as marmitas não estavam sendo vendidas para consumo dentro do restaurante. Na versão dela, isso vale para todos os clientes. A medida foi adotada, de acordo com a comerciante, para não provocar aglomerações.
"Essas marmitas que nós fazemos é só para viagem. Mas ela já teve uma reação como se não pudesse comer ali só porque eram garis. Não é isso. Essas marmitas, o marmitex, o cliente vem, pega e leva. (...) Ainda fui explicar para ela que a marmita era só pra viagem, mas ela achou que era discriminação. Eu jamais faria isso e a minha funcionária [do caixa, responsável pelo atendimento] também não."
"Essa marmita é uma promoção que nós fizemos e que vende bastante. As mesas já são bem poucas, está basicamente tudo pela metade. Se for para consumir as marmitas aqui, vira uma aglomeração", completou Vânia. O esquema de funcionamento, segundo ela, está sendo informado aos clientes que se interessam pela refeição.
A comerciante também negou ter oferecido aos funcionários do SLU para comer nos fundos do restaurante. "Em nenhum momento eu falei isso."
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