Capoeirista diz ter sido agredido por PM enquanto segurava filho no colo
O capoeirista Valdenir Alves dos Santos, conhecido como Mestre Nenê, acusou policiais de abordagem violenta e agressão enquanto segurava o filho de cinco anos no colo em uma rua da comunidade do Mangue, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo. Levado para a delegacia sob acusação de desacato, o capoeirista diz que foi perseguido, estrangulado e empurrado no chão antes de ser algemado. Afirma, ainda, que foi encaminhado a um pronto-socorro para ser sedado.
A polícia diz que a ação ocorreu no dia 19 de agosto, em meio à busca por um assaltante na região, e que Mestre Nenê foi levado para a delegacia por ter desrespeitado uma determinação durante abordagem. Posteriormente, o autor do assalto, que não teve o nome identificado, foi localizado em uma rua próxima.
Em relato postado em sua página de Instagram e assinado pelo grupo de capoeira do qual faz parte, Mestre Nenê afirmou que se assustou com a ação e tentou entrar na casa de um discípulo para proteger a criança. No momento da chegada dos policiais, ele conversava com outras três pessoas que também foram abordadas.
"Várias viaturas já haviam passado pelo local onde estavam as pessoas, porém uma delas abordou de forma violenta todos que estavam presentes. Com a atitude da polícia, Mestre Nenê, com seu filho assustado no colo, entrou na casa de seus discípulos para resguardar a integridade da criança", diz o relato.
"Porém, os policiais perseguiram, estrangularam e empurraram no chão o Mestre, com seu filho ainda no colo, fazendo com que ele caísse por cima de seu filho, que por sorte não se machucou fisicamente", completa.
Vídeo compartilhado por amigos do Mestre Nenê mostram parte da abordagem, na qual é possível ver que o capoeirista foi algemado enquanto gritava "Meu filho, cadê meu filho?". As pessoas ao redor perguntam o motivo da prisão, mas os policiais não respondem.
Em um depoimento que foi exibido pela TV Globo, o capoeirista afirma que, ao dizer que não iria colocar a mão na cabeça, um policial apontou a arma contra ele, na presença do seu filho.
Mestre Nenê foi algemado, colocado em uma viatura e teria sido levado para ser sedado em um pronto-socorro. Depois, foi encaminhado para o 14º DP, sendo liberado horas depois.
A ação gerou uma campanha entre mestres da capoeira, que pedem retratação pública da polícia e do governo João Doria. Mestre Nenê coordena o grupo Flor de Aroeira, com atividades na comunidade do Mangue. Para o capoeirista, a abordagem ocorreu por ele ser negro. A polícia não informou se o suspeito de assalto também era negro.
"Foi constatado que o Mestre foi preso pelo fato de ter apenas uma característica semelhante à pessoa que estava sendo procurada por um assalto cometido na área onde levaram aparelhos eletrônicos, a cor negra da sua pele!", diz o relato em seu perfil de Instagram.
PM abre investigação
Em nota enviada ao UOL, a secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informa que a PM abriu uma investigação sobre a ocorrência e que todas as circunstâncias serão investigadas por meio de inquérito policial.
Sobre a abordagem, a alegação é que a detenção se deu em razão da resistência de Mestre Nenê em obedecer uma determinação dos policiais.
"No início da noite de quinta-feira (20), policiais do 23º BPM foram acionados para uma ocorrência de roubo na Rua Wisard, Vila Madalena, onde foram subtraídos três celulares e três notebooks. No local, uma das vítimas relatou aos policiais que o sinal de localização do celular acusava estar na Rua Fidalga", diz a nota.
"Durante diligências, os agentes encontraram quatro homens parados próximos ao local indicado pelo sinal de localização do celular. Ao iniciar a abordagem, um dos indivíduos desobedeceu a determinação legal e tentou deixar o local, resistindo à ação dos policiais, que precisaram contê-lo", continua.
"Enquanto ele era detido, outra equipe da PM, na mesma rua, prendeu o autor do crime, recuperando todos os objetos roubados, o que reforça a suspeita fundamentada dos agentes para a realização de abordagem naquele local", completa.
O caso está sendo investigado como desacato à administração pública, que é desobedecer às ordens de um policial, e abuso de autoridade, que é constranger o preso, mediante violência ou grave ameaça.
*Com informações da Estadão Conteúdo
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