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TV: Polícia investiga se mensagem foi código de Flordelis para matar pastor

Flordelis e o marido Anderson do Carmo; pastor foi morto em 2019 e parlamentar foi indiciada por  como mandante do crime - Reprodução/Facebook
Flordelis e o marido Anderson do Carmo; pastor foi morto em 2019 e parlamentar foi indiciada por como mandante do crime Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

27/08/2020 10h36Atualizada em 27/08/2020 12h55

Uma mensagem enviada pela deputada federal Flordelis (PSD-RJ) para a filha Marzy Teixeira em 16 de junho de 2019, dia da morte do pastor Anderson, está sendo investigada pela Polícia Civil do Rio.

Segundo informações obtidas pela TV Globo, os investigadores acreditam que a mensagem foi um código usado pela parlamentar para executar o plano de assassinato do marido.

Por volta das 3h de domingo, a deputada enviou a mensagem "Oito e quinze me chama" para Marzy. Após receber a mensagem, a filha acionou Flávio dos Santos, filho biológico de Flordelis e apontado como autor dos disparos contra o pastor.

A polícia afirmou que tem evidências que reforçam a tese de que a mensagem era, na verdade, um código que desencadeou o plano.

O pastor Anderson do Carmo — que já foi filho adotivo e genro de Flordelis — morreu 30 minutos depois. Marzy foi um dos cinco filhos de Flordelis presos na última segunda-feira (24) em operação policial, por envolvimento no crime. Flávio está preso há mais de um ano

'Barra pesada online'

De acordo com a investigação, Marzy foi a responsável por fazer pesquisas na internet atrás de matadores de aluguel, segundo a polícia.

As buscas estavam no celular de Marzy e mostravam as expressões "barra pesada online", "alguém da barra pesada" e até "assassino onde achar".

Ela também tentou localizar veneno letal acessível para compra e chegou a pesquisar por "veneno para matar pessoa".

Apesar das buscas na internet, não foi Marzy quem contratou o matador de aluguel, segundo a polícia. Neta de Flordelis, Rayane dos Santos Oliveira, também presa na segunda-feira, foi a responsável — mas a execução por aluguel acabou não ocorrendo.

Denunciada em família

A deputada Flordelis foi denunciada pelo MP-RJ e pela Polícia Civil na segunda-feira (24) como a mandante do assassinato do marido.

Por ter imunidade parlamentar, ela não foi presa preventivamente.

Outras dez pessoas foram denunciadas e presas no mesmo dia. A polícia apura se outros filhos de Flordelis, além dos já denunciados, estavam no crime. A deputada tem 55 filhos, entre adotados e biológicos.

De acordo com o delegado Allan Duarte, a primeira fase da investigação identificou Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da deputada, como executor do crime e Lucas César dos Santos, filho adotivo do casal, como a pessoa que comprou a arma utilizada no assassinato.

Segundo a investigação, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio.

A deputada também financiou a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada, segundo a denúncia.

O motivo do crime seria o fato de a vítima manter rigoroso controle das finanças familiares e administrar os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado das pessoas mais próximas a Flordelis em detrimento de outros membros da família.

O que diz a defesa

Desde o começo das investigações, Flordelis negou participação no crime.

O advogado Maurício Mayr disse acreditar na inocência dela no caso.

"A deputada desde o início desse segundo inquérito foi tratada como testemunha, vindo a ser indiciada agora no final e denunciada. Ela figurava como testemunha na ocasião e não atrapalhou as investigações", afirmou no dia da denúncia.

Já o advogado dos cinco irmãos presos e da neta, Luiz Felipe Alves, disse que a decisão foi genérica e não considerou a "individualização quanto à real e efetiva necessidade de prisão cautelar para cada um dos acusados".