'A gente só escutou o barulho da flecha', diz amigo de indigenista morto
O policial Paulo Ricardo Bressa, que era amigo do indigenista Rieli Franciscato e testemunhou sua morte, disse que o ataque surpreendeu o grupo que procurava monitorar um grupo de índios isolados em Rondônia. Rieli morreu ontem, pouco após levar uma flechada no peito quando tentava uma aproximação dos índios.
"A gente só escutou o barulho da flecha que pegou no peito dele, aí ele deu um grito, arrancou a flecha e voltou para trás correndo. Ele conseguiu correr de 50 a 60 metros e já caiu praticamente morto", contou Bressa em áudio enviado a amigos de Rieli e transmitido pela TV Globo.
Rieli, de 56 anos, tinha cerca de 30 anos de experiência na Funai (Fundação Nacional do Índio) e era um dos principais indigenistas do Brasil. Ele tentava mediar um possível conflito na região, depois que indígenas até então isolados foram vistos em um sítio na zona rural de Seringueiras.
Bressa relatou que Rieli ia à frente de um grupo formado por mais uma policial e um indígena amigo do profissional da Funai.
"O índio estava um pouquinho atrás dele, que ele levou lá de Rio Branco. A soldado Luciana estava atrás dele e eu um pouquinho atrás dela", contou o policial sobre o momento da flechada.
"A gente ainda carregou um pedaço ele ainda, conseguimos deslocar até a viatura que estava na estrada e viemos trazer ele no hospital aqui, só que ele já chegou sem vida. Nosso amigo se foi, infelizmente", disse Bressa.
A intenção de Rieli era monitorar a situação dos índios isolados, algo em que se tornou especialista durante sua atuação na Funai. Sua morte causou comoção entre pessoas envolvidas com a causa indígena.
"O Brasil perdeu um dos melhores indigenistas da atualidade. O Rieli era um dos últimos dos últimos. A nova geração vem aprendendo com esse pessoal e os outros estão muito velhos. Ele era um dos últimos (na Funai])", disse a liderança indígena Beto Marubo, da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), ao colunista do UOL Rubens Valente.
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