"Por ser violenta, precisa investigar", diz delegado de morte de alpinista

A Polícia Civil de Santa Catarina informou hoje que vai abrir um inquérito para apurar as causas da morte do alpinista Lucas de Zorzi que morreu ontem enquanto praticava rapel no Cânion Espraiado, em Urubici, cidade da região serrana do estado. Ao UOL, o delegado Edipo Hellt, responsável pelo caso, justificou o porquê da investigação do caso.

"Nesta tarde vamos instaurar um inquérito para investigar o que aconteceu. A princípio, se trata de uma fatalidade. Porém, como foi uma morte violenta, o caso precisa ser investigado", disse Edipo Hellt.

De acordo com o delegado, serão ouvidos o amigo Diego Braga (que estava junto no momento do acidente), socorristas e, se o terreno não for público, os donos do local.

Relacionadas

Alpinista morre ao ser atingido por pedra durante rapel em cânion de SC

'Sensação de impotência', diz alpinista que viu amigo morrer durante rapel

Perguntado se tinha conhecimento de algum caso como este que não tenha sido uma fatalidade, Edipo disse não ter, mas reiterou que, de qualquer forma, é preciso investigar.

Segundo o delegado, não há um prazo definido para sair o resultado do inquérito, mas ele acredita que isso aconteça em menos de 30 dias.

Pedra atingiu a cabeça, disse amigo

No momento do acidente, o policial militar Diego Braga, 31, dividia a mesma corda que De Zorzi. Ele disse ontem ao UOL que eles estavam a 10 metros de distância um do outro, quando uma rocha se deslocou e acertou o alpinista de 39 anos na cabeça.

"Como a corda estava tensionada devido ao peso do corpo dele, eu não conseguia chegar até ele. Me senti de mãos amarradas, foi uma sensação de impotência. A princípio pensava que ele estava inconsciente. De onde eu estava, não conseguia enxergar a lesão na cabeça. Quando ele recebeu a pancada, eu entrei em desespero", afirmou Braga, que disse ainda não poder cortar a corda, pois os dois iriam cair em queda livre de uma altura estimada de 500 metros.

Perguntado pelo UOL se o alpinista morto teve apenas ferimento na cabeça [conforme descreveu o amigo], o delegado afirmou não ter esta informação e disse que vai solicitar o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para obter este tipo de detalhe.

"Quando eu ouvi a pedra rolando, eu comecei a gritar 'pedra' para avisar que estava rolando. Mas foi muito rápido. Eu o chamei e ele não respondeu. Chamei duas vezes e nada. Tentei me posicionar na parede e vi que estava caído e desacordado", acrescentou Braga, que afirmou também que conhecia De Zorzi há dez anos, e, há cerca de um ano, o alpinista passou a ensinar a prática de rapel para ele.

De Zorzi era experiente

O alpinista Lucas De Zorzi era considerado uma pessoa experiente no segmento de esportes radicais. Ele se tornou campeão do Brasileiro de Wingsuit Artístico - uma modalidade de paraquedismo - nos anos de 2015, 2016 e 2017, e também era instrutor do esporte. A vítima ainda trabalhava como diretor industrial de uma empresa do segmento de madeira, em Lages.