Residência de suspeito de matar ciclista tem 'sinais de abandono repentino'
O principal suspeito de ter atropelado, não prestado socorro e, assim, ter assumido o risco de matar a ciclista Marina Kohler Harkot, 28, na madrugada de domingo (8), em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, deixou seu apartamento, no centro da capital, às pressas após o caso, de acordo com policiais civis que investigam diretamente o caso entrevistados pelo UOL.
Ele teve sua prisão preventiva decretada no início da tarde de hoje e se encontrou à polícia, na presença de advogados, no fim da tarde. No entanto, há um entrave jurídico: em tese, em semana eleitoral, prisões só podem ser feitas em flagrante.
Após ter sido atropelada no cruzamento entre a avenida Paulo VI e a rua João Moura, Marina não resistiu aos ferimentos. Uma policial militar que estava de folga relatou a placa do carro à polícia: um Hyndai Tucson prata com a placa da cidade de Inconfidentes (MG). A Polícia Civil conseguiu localizar o carro e o endereço do dono do automóvel na noite de ontem.
Microempresário, o dono do automóvel se chama José Maria da Costa Júnior — ou Juninho, como é conhecido —, tem 33 anos e é natural de Minas Gerais. Por meio de nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) havia informado, anteriormente, que a Polícia Civil conseguiu contato com o homem que consta como proprietário do veículo, mas que ele disse ter vendido o carro em 2017. Segundo a secretaria, o homem se comprometeu a apresentar o documento de transferência de propriedade do automóvel à polícia.
Mas a suspeita de policiais civis que estão investigando o caso é de que ele tenha participação direta na morte da ciclista. Uma das hipóteses é de que ele não socorreu por estar bêbado. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do suspeito.
De acordo com policiais civis do 14º DP (Distrito Policial), de Pinheiros, o carro foi localizado no fim da noite de ontem próximo ao apartamento em que o dono do automóvel mora, na rua Cesário Mota Júnior, na Vila Buarque, na região da universidade Mackenzie, centro da cidade.
A reportagem teve acesso ao relatório dos policiais da Cerco (Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas), da 3ª Delegacia Seccional, que disseram que, durante a investigação, acharam um Hyundai Tucson, com as mesmas características do utilizado no crime, parado em um estacionamento e com a parte da frente avariada virada para uma parede, na tentativa de esconder as partes quebradas.
Os responsáveis pelo estacionamento cederam as informações sobre o dono do carro. Pelos dados, souberam que o proprietário do automóvel morava ao lado do estacionamento. Os policiais foram até o local, pediram ao porteiro do prédio para ir até o apartamento e relataram ter sido autorizados a entrar.
Ao chegarem no apartamento do rapaz, a porta de entrada estava entreaberta e com sinais aparentes de arrombamento, de acordo com o relatório. Os policiais que entraram na casa relataram que "os móveis e itens estavam bagunçados e com sinais de abandono repentino". Na mesa da sala, havia uma sacola plástica com maconha, que foi apreendida pelos policiais e apresentada no Distrito Policial.
A Polícia Civil analisa uma série de imagens de câmeras de segurança obtidas tanto na região do acidente, em Pinheiros, quanto no estacionamento e também no prédio onde o suspeito mora.
A SSP afirmou na manhã de hoje, por meio de nota, que os policiais do 14º DP "localizaram o veículo, que foi periciado, e analisam imagens de câmeras de segurança". Ainda segundo a pasta, "o autor do atropelamento foi identificado e diligências prosseguem para localizá-lo".
Cicloativista há pelo menos oito anos, Marina era cientista social pela USP (Universidade de São Paulo), ativista feminista e pesquisadora de mobilidade urbana. Em 2018, concluiu um mestrado pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) com a dissertação de título "A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo".
Marina era pesquisadora colaboradora do LabCidade (Laboratórios do Espaço Público e Direito à Cidade), ligado à FAU. Ela tinha em curso uma pesquisa de doutorado, também pela FAU, em que estudava a segregação socioterritorial a partir de abordagens de gênero, raça e sexualidade.
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