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Moradores calculam prejuízo e tentam voltar ao normal após apagão no Amapá

Macapá durante o apagão, na semana passada - Reprodução/Redes Sociais
Macapá durante o apagão, na semana passada Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL, em Macapá

24/11/2020 17h49

Com o fim do rodízio no fornecimento de energia elétrica anunciado hoje (24) pela CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá), a população do Amapá tenta aos poucos voltar à normalidade. A crise energética que durou exatos 22 dias deixou prejuízos aos moradores, que perderam desde alimentos até eletrodomésticos.

Fabrício Silva, 21, contou ao UOL que, sem energia elétrica, mercadorias estragaram no comércio da família, no bairro Perpétuo Socorro, na capital Macapá.

"Tivemos diversos prejuízos, na parte de frios perdemos uma boa parte dos frangos e outros congelados, iogurtes, prejuízo em picolés, foram todos jogados fora, não aproveitamos nada. Agora temos certo receio de reabastecer por conta do medo de novas quedas de energia", afirmou.

O comerciante Edvander Girigoia, 35, decidiu vender a maioria dos alimentos frios e laticínios pela metade do preço, antes que estragassem. Dono de um pequena mercearia no município de Santana, ele diz que mesmo com o anúncio do fim do rodízio, ele também ainda tem um pouco de receio.

"A gente fica pensando se não vai acontecer um novo apagão. Mas a gente tenta manter a esperança de que as coisas estejam voltando ao normal", relatou.

O susto da estudante de enfermagem, Cárita Suelen, 24, foi dentro de casa, em Macapá. Depois de várias oscilações no fornecimento de energia, o freezer da sua casa queimou —e o prejuízo se estendeu, já que os alimentos que estavam lá dentro acabaram estragando. Ela conta que a família não deverá buscar ressarcimento do prejuízo, por considerar essa uma batalha cansativa.

"Como era começo de mês, o freezer estava abastecido. Jogamos fora bastante frango e carne" conta. "Minha mãe até tentou salvar, mas não conseguiu. Agora a gente vai se virando como pode para ajeitar as coisas."

A servidora pública Iane Almeida, 28, que também mora na capital Macapá, perdeu uma geladeira novinha. Ela pretende buscar ressarcimento.

"No sábado [21], eu cheguei da rua e ela estava com a luz de dentro apagada. Achei que alguém tinha desligado, mas ela estava na tomada. Ou seja, queimou por conta da queda de energia. Já basta os prejuízos financeiros por conta do apagão, saúde mental desestabilizada. Vou atrás, sim, para que eles paguem por isso", relata.

Transformador extra foi levado para Macapá, no Amapá - Emiliano Capozoli/Gemini/Divulgação - Emiliano Capozoli/Gemini/Divulgação
Transformador extra foi levado para Macapá, no Amapá
Imagem: Emiliano Capozoli/Gemini/Divulgação

Fornecimento de energia

A LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia) concluiu na madrugada de hoje o restabelecimento da carga de energia em dois transformadores na sua subestação que pegou fogo no dia 3 de novembro e provocou um blecaute em 13 dos 16 municípios do Amapá. Com isso, segundo a LMTE, o estado volta a ter 100% no fornecimento de energia de forma definitiva.

Em nota, o MME (Ministério de Minas e Energia) confirmou a retomada integral do fornecimento de energia. Com isso, a CEA, responsável pela distribuição de energia para o consumidor, informou que o fornecimento voltará a ser como era antes do apagão, dando fim ao rodízio de energia.

Segundo relatos de moradores, em Macapá, o fornecimento foi restabelecido de madrugada em bairros como Centro, Laguinho, Muca, Beirol, São Lázaro, Renascer, Perpétuo Socorro, Trem e Marabaixo. O fornecimento também foi normalizado nas demais cidades do interior que foram atingidas pelo apagão.