Sem lockdown e com pouca fiscalização, Búzios tem fluxo tímido de turistas
Alegrias, incertezas, ansiedade, receio.. estes são alguns dos sentimentos de moradores e também de turistas que pretendem ir à Armação dos Búzios neste final de ano.
A dúvida ainda se torna maior após a Defensoria Pública do Rio de Janeiro recorrer da decisão do presidente do Tribunal de Justiça de cancelar o lockdown da cidade da Região dos Lagos.
Quem já está na cidade reclama da falta de fiscalização e da grande quantidade de pessoas circulando pelo município sem que haja número de leitos suficientes para atender a alta demanda. O publicitário Vitor Oliveira, 28, por exemplo, disse que Búzios está um "verdadeiro caos".
"Estão pedindo turismo consciente, mas já tem diversas festas vendendo ingressos. Quando a gente vai comparar a quantidade de pessoas para o tanto de leitos que uma cidade como Búzios tem, a conta não fecha. As coisas aqui estão muito desorganizadas, um verdadeiro caos, pessoas usando máscara é uma raridade. Está tendo pouca fiscalização", disse Vitor.
De acordo com o último balanço divulgado pela Associação de Hotéis do Estado (ABIH-RJ), o município está entre as cinco cidades mais procuradas por turistas para o Réveillon, apesar da pandemia. Pelo menos 88,75% dos quartos de hotéis e pousadas da cidade já haviam sido reservados.
O economista Jean Carlos Pontes Lopes, 41, disse que já combinou de ir com alguns amigos para Búzios, mas, mesmo com o local de moradia já confirmado, a dúvida de viajar chegou a ser cogitada.
"Vamos em 3 casais com as crianças. A casa que vamos é grande, então tem bastante espaço justamente para não ficarmos aglomerados. Só que, com isso de lockdown, eu fiquei com muito receio de pegar trânsito, parar na barreira e sanitária e não conseguir entrar", disse.
O setor hoteleiro busca recuperar o tempo perdido. Dona de uma pousada que fica perto da praia da Ferradura, uma das principais da cidade, Iohana de Souza, 25, disse que agora o momento é de recuperar o tempo perdido tomando todas as medidas de proteção.
"Agora estamos mandando mensagens para os hóspedes, mas muitos ainda estão com receio de acontecer novamente. Temos algumas reservas para o Ano Novo. Alguns não cancelaram, acreditam que vão conseguir vir sem problemas. Alguns hoteleiros também estão com essa preocupação de voltar a fechar. Apesar disso, estão todos esperançosos."
De acordo com o último boletim divulgado pela Prefeitura de Búzios, de ontem para hoje mais 35 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Ainda segundo o município, são 26 mortes registradas na pandemia. O número pode aumentar com a quantidade de festas já programadas.
"Essa lotação da cidade causa aglomerações que facilitam a transmissão. Muitas festas agendadas, inclusive com muitos jovens", falou o infectologista Alberto Chebabo ao UOL.
"O risco maior em Búzios é porque são várias pessoas indo de vários locais diferentes. É uma cidade pequena gerando então uma grande aglomeração. Qualquer introdução do vírus nesses ambientes faz com que possa ter um surto grande. O ideal era ter uma restrição da entrada de pessoas, para não se ter uma lotação de praias, bares e restaurantes e obviamente a proibição de qualquer festa, isso é um foco muito grande de transmissão".
O que diz a Prefeitura
Procurada pelo UOL, a Prefeitura de Búzios informou que "desde o início da pandemia agiu para controlar a entrada de pessoas na cidade e conscientizar tanto moradores quanto turistas sobre a importância do distanciamento social e do uso de máscaras".
Ainda em nota, a Município garantiu que "todos os segmentos comerciais passaram pelo Curso de Medidas Preventivas contra a covid-19 para reabrirem gradualmente e com a máxima segurança".
Questionada sobre os eventos para a festa de Ano Novo, a prefeitura informou que nenhum está autorizado e todos estão sob análise. Já com relação à preocupação com os leitos, "o município já cumpriu o TAC na íntegra e vai acrescentar mais seis leitos de UTI que serão instalados na Unidade Básica de Saúde de Geribá".
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