Turistas de Búzios pagam a conta da guerra alimentada por Bolsonaro
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O que está acontecendo em Búzios (RJ) é o resultado da desordem institucional provocada pelo negacionismo do Planalto. Um juiz de primeira instância manda todos os turistas saírem da cidade em 72 horas; o prefeito que vinha tratando a pandemia de forma mais branda diz que vai recorrer; e o pobre do turista que pagou passagem, hotel e o escambau não sabe o que fazer.
Sabe onde nasceu esse problema? Em cima. Aqui em Brasília.
Veja as fotos da solenidade de ontem no Palácio do Planalto em que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sem máscara, anunciou um plano de intenções de vacinação para o país.
Um plano ainda obscuro e atrasado porque seu chefe, o presidente da República, não quer admitir o perigo da doença, não quis se antecipar na compra de vacinas e insiste até hoje que a solução para o problema é a cloroquina.
A propósito, Bolsonaro estava na solenidade, também sem máscara. Cumprimentando todo mundo com aperto de mãos. Acabou sendo repreendido pelo Zé Gotinha, que se negou a romper o protocolo de proteção contra o vírus.
Se o presidente abre guerra com a Justiça, acusando o Supremo Tribunal Federal de tirar-lhe o poder de mal gerir a pandemia, se ele diz que não vai se vacinar e pede para a população ir para a rua e faz apelo aos governadores para não decretar medidas de distanciamento social — como fez hoje em nova solenidade — é de se esperar que chefes de Executivo locais, prefeitos, como o de Búzios, também resolvam arrefecer nas medidas de controle da pandemia.
A pressão vem de cima. E aí o juiz de primeira instância reage com uma atitude drástica dessas: manda os turistas para fora da cidade.
O cidadão que se dane. Sempre que as instituições entram em crise de relacionamento quem se ferra é quem depende dessas instituições.
O que está ocorrendo em Búzios, em grau menor ou maior, já ocorreu em outras cidades do país.
Temos um presidente forçando o choque das instituições para não admitir, negar até o último momento a gravidade da pandemia.
Mais de 180 mil brasileiros já morreram, milhões adoeceram, sabe-se lá quantos sofreram com internações, intubações e outros males resultantes da Covid-19.
O presidente fala que quer evitar prejuízos financeiros para o país. Pode ser. Afinal, com tanta gente morta, a Previdência terá que pagar menos pensões. Não duvido que algum burocrata pense assim.
Mas os turistas de Búzios... Esses terão que arcar com seu prejuízo.
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