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Bombeiro é denunciado por homicídio culposo por atropelar ciclista no RJ

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

20/01/2021 11h20Atualizada em 20/01/2021 13h17

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro apresentou ontem denúncia contra o capitão do Corpo de Bombeiros João Maurício Correia Passos, acusado de atropelar e matar o ciclista Cláudio Leite da Silva, no último dia 11, na orla do Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio.

De acordo com o MPRJ, o bombeiro deve responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A decisão difere do entendimento da Polícia Civil, que havia indiciado o motorista por homicídio doloso, ou seja, intencional.

Na decisão, o MPRJ considera que João Maurício foi "imprudente ao dirigir o automóvel com sua capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool, conforme demonstram as imagens feitas instantes antes em posto de gasolina próximo ao local do atropelamento, bem como o termo de declaração que consta dos autos, o que o fez perder o controle do veículo e atropelar a vítima, que pedalava sua bicicleta, normalmente, pela sua mão de direção".

Bombeiro não prestou socorro à vítima

"Livre e conscientemente, deixou de prestar socorro à vítima e não solicitou auxílio à autoridade pública, mesmo sendo possível fazê-lo. Ele se ausentou do local do acidente logo após o mesmo e, em seguida, veio a colidir novamente, tendo, então, abandonado o carro e continuado sua fuga a pé", descreve a decisão.

As penas previstas para quem comete homicídio culposo no trânsito são de detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. "Elas podem ser agravadas de 1/3 à metade, se o agente deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; e ainda se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa (reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor)", destacou o MPRJ.

Militar foi preso no mesmo dia

João Maurício foi preso horas após o acidente. Imagens feitas em um posto de gasolina, antes de atropelar o ciclista, mostra o militar com uma garrafa de vodka e outra de uísque na mão. Nas imagens é possível observar sinais de embriaguez. O motorista mal consegue ficar em pé. Após atropelar Cláudio, o bombeiro deixou o local do acidente a pé, sem prestar socorro. No carro, abandonado no local, estavam os documentos de Maurício, que foi preso quando se deslocava para casa de um amigo, também na zona oeste da cidade.

O teste de alcoolemia ao qual João Maurício foi submetido seis horas depois do atropelamento deu negativo. Por se tratar apenas de um teste clínico, a Polícia Civil concluiu que o exame não deu positivo por ter sido realizado seis horas após o crime. O bombeiro não permitiu o recolhimento de amostras de sangue e urina.

João Maurício foi preso na semana anterior ao acidente por agredir a mulher, que é deficiente física. A mulher disse que ficou em uma cadeira de rodas, após o marido provocar um acidente de trânsito. O casal tem dois filhos, e, por ordem judicial, o oficial estava proibido de se aproximar dela.