Perícia descarta participação de preso em atropelamento que matou 19 no RN
Exame de papiloscopia descartou que o homem preso hoje pela PM-RN (Polícia Militar do Rio Grande do Norte) no bairro da Candelária, na zona Sul de Natal, seja o autor do atropelamento que matou 19 pessoas e feriu gravemente outras 12 em um bloco de Carnaval no ano de 1984, embaixo do viaduto do Baldo, na zona Leste da capital potiguar. O caso ficou conhecido como "Tragédia do Baldo". Com o resultado, o morador de rua apontado pelo crime foi liberado pela Polícia Civil por volta das 22h45.
Segundo o Itep-RN (Instituto Técnico Científico de Perícia), as digitais do preso não são compatíveis com as de Aluízio Farias Batista, 63, condenado a 21 anos de prisão pelos 19 homicídios, em julgamento à revelia no ano de 2009. As digitais do preso foram comparadas com as do prontuário de Aluízio Farias Batista, e os peritos concluíram que ele não é o autor do crime.
O Itep-RN não conseguiu identificar o nome do preso no banco de dados do órgão, que possui mais de 4 milhões de pessoas cadastradas. O resultado do laudo foi enviado para a Polícia Civil e o preso deverá ser liberado ainda hoje.
Preso erroneamente
Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PM-RN receberam uma denúncia anônima informando que um homem que se encontra em situação de rua no bairro da Candelária seria o motorista de ônibus Aluízio Farias Batista. O suspeito foi preso hoje e levado para a delegacia de plantão da Zona Sul. Como o homem estava sem documento de identificação, ele foi conduzido para o Itep-RN, na Ribeira, para ser submetido a exame de identificação criminal, e o resultado deu negativo.
A prisão do suspeito foi informada pelo tenente-coronel Eduardo Franco, porta-voz da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, na tarde de hoje.
"O que vocês acham de uma pessoa passar 36 anos foragida, com mandado de prisão em aberto, por ser responsável de atropelamento que culminou com a morte de 15, 16 pessoas? Pois bem: fizemos a prisão desse elemento. O Batalhão de Operações Especiais, através de investigação feita pelo próprio batalhão, conseguiu localizar o meliante e ele está preso. Essa informação é muito interessante pelo tempo que esse cidadão ficou sem responder pelos crimes que cometeu", disse.
O delegado Frank Albuquerque, da delegacia de plantão da Zona Sul, contou que o preso se negou a informar o nome, mas que na entrevista à imprensa ele acabou confirmando que se tratava de Aluizio Farias Batista. O delegado explicou que o suspeito foi levado ao Itep-RN para os peritos fazerem a identificação dele e, com o resultado positivo, a polícia civil daria cumprimento ao mandado de prisão expedido contra Aluizio Farias Batista.
"Quando chegou aqui ele negou que se chamava Aluizio, não quis dizer o nome da mãe dele, nem o dele. Mas graças à imprensa ele confessou que o nome dele é realmente Aluizio. Ele voltou achando que ia escapar da sentença, de ser preso, mas ele foi condenado há pouco tempo, e agora graças ao serviço de inteligência do Bope ele foi preso", contou.
Homem nega crime
Em entrevista ao site Via Certa Natal, o preso negou que seja o motorista de ônibus que causou a Tragédia do Baldo, mas confirmou o nome que consta no mandado de prisão. No Itep-RN, o homem disse que se chamava João de Deus. A identidade dele não foi confirmada.
"Meu pai disse que eu devo responder tudo que me perguntam, mas quem responde é a minha mentora, madre Teresa de Calcutá. Eu estive aqui na década de 2000. Cheguei em 2012, esse tempo todo vivi em Recife. Não assumo que matei, não sou assassino e nem sei dirigir. Minha irmã, madre Teresa, quem dirige", disse o homem, demonstrando estar com problemas mentais.
A Tragédia do Baldo
Foliões que participavam do bloco Puxa Saco foram surpreendidos por um ônibus que estava sendo dirigido pelo motorista Aluízio Farias Batista, na madrugada do dia 25 de fevereiro de 1984. Batista atropelou e matou 19 pessoas, além de ferir gravemente outras 12, ao invadir propositalmente com um ônibus o trajeto do bloco Puxa-Saco, na subida da avenida Rio Branco, abaixo do viaduto do Baldo. O caso ficou conhecido como "Tragédia do Baldo".
O caso se tornou emblemático no Rio Grande do Norte devido à perversidade do autor do crime. Na época, ele afirmou ter ficado com raiva porque iria trabalhar uma viagem a mais no turno, após determinação da empresa de ônibus que ele teria de transportar membros de uma escola de samba do bairro do Alecrim para o bairro das Rocas.
Chateado com o trabalho extra, o motorista, segundo os autos do processo, saiu em alta velocidade, sem respeitar os semáforos, e acabou batendo em um Fusca que estava estacionado, no trecho abaixo do viaduto do Baldo. Após a colisão, o ônibus invadiu o lado contrário da avenida e atropelou os foliões do bloco carnavalesco.
O bloco era acompanhado por cerca de 5 mil pessoas quando foi surpreendido pelo ônibus. O atropelamento matou 19 pessoas e deixou 12 gravemente feridas, além de dezenas de feridos leves. Dentre as vítimas estavam músicos militares e foliões acompanhantes.
Aluizio Farias Batista abandonou o ônibus e fugiu. Depois, chegou a prestar depoimento à polícia, mas fugiu novamente e não foi mais encontrado. O mandado de prisão expedido contra o autor do crime prescreverá em 2029. Até então o motorista de ônibus está foragido desde o dia do atropelamento no Baldo.
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