'Conexão', diz neta de idosos que morreram de covid com horas de diferença
Casados há 63 anos, Ana Bianco, de 84, e Emídio Bianco, de 86, morreram com apenas duas horas de diferença por complicações da covid-19, na quarta-feira (27), em Apucarana (PR). A neta do casal, Carolina Bianco, contou que o avô era extremamente cuidadoso com a esposa e tinha medo de morrer antes dela.
"Meu avô sempre teve uma preocupação muito grande com minha avó, porque há uns seis anos ela ficou mais debilitada, tinha dificuldade para andar. Então ele sempre ficava preocupado, nunca queria deixá-la sozinha. Muito carinhoso mesmo."
Carolina explicou ao UOL que a "conexão" entre Ana e Emídio sempre foi muito forte. Quando a avó adoecia, o avô parecia ter os mesmos sintomas. Eles foram internados com um dia de diferença.
"Os dois tinham uma conexão muito forte, inclusive quando a vó ficava doente, o vô começava a ter os mesmos sintomas. Não sei se pela preocupação de ficar vendo que ela precisava de mais cuidados", relata.
Emídio foi o primeiro a ser levado ao Hospital da Providência, já com dificuldade para respirar, na sexta-feira (22). Ele precisou ser intubado após ter uma parada cardíaca. No dia seguinte, Ana também precisou ser internada e logo intubada por apresentar baixa oxigenação. Ela foi intubada na noite de terça-feira (26).
"No mesmo dia havíamos recebido notícias de que ele [Emídio] estava melhorando, sendo que haviam até diminuído a intubação. O que nos deu um pouco de esperança", ressaltou a neta dos idosos.
Apesar da pequena melhora no quadro de Emídio, na quarta-feira (27), por volta de 5h, a família recebeu a notícia da morte de Ana. Carolina contou que foi à casa da mãe, que ajudava nos cuidados com a avó e era vizinha do casal, após saberem da morte.
Duas horas depois, quando ainda nem haviam assimilado o primeiro óbito, o telefone voltou a tocar.
"Recebemos uma ligação do hospital para comparecer lá novamente, foi quando informaram o óbito do meu avô. A família ficou bastante abatida e abalada. Éramos muito unidos."
Ana tinha diabetes e problemas com hipertensão. Carolina contou que Emídio não tinha comorbidades, mas foi fumante na juventude.
Em razão da pandemia, não foi possível realizar o velório do casal. A família e os amigos fizeram um cortejo de carro para evitar aglomerações. O enterro de ambos precisou ser rápido e com os caixões lacrados.
História de amor
Para Carolina, a maior lição deixada por Ana e Emídio é sobre a importância do amor. Desde as comidas favoritas da avó que ele fazia questão de deixar em casa às demonstrações de carinho e afeto com os sete filhos, onze netos e três bisnetos.
Uma das memórias descritas por ela é a preocupação do avô em sempre comprar pão, frutas e iogurte para Ana.
"Deixaram um legado incrível, sempre demonstrando amor e carinho com os netos, com os filhos. Sempre. Era uma preocupação exorbitante. Os filhos chegavam lá [na casa de Emídio e Ana] e eram muitos agrados. Meu avô sempre estava com o café pronto. Não tem o que reclamar deles."
Apesar da tristeza causada pela morte dos avós, Carolina acredita que eles partiram com a sensação de "dever cumprido".
Ela conta que, no cortejo de despedida do casal, ela conseguiu ver o quanto eles foram importantes na vida de outras pessoas também.
"Eram pessoas de muito bom coração. Eram queridos e tenho certeza que ficarão eternizados em nossos corações", descreveu.
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