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MP-RJ denuncia médica por morte de paciente após lipo feita em consultório

Professora Adriana Ferreira Capitão Pinto, morta após procedimento estético - Reprodução/Facebook
Professora Adriana Ferreira Capitão Pinto, morta após procedimento estético Imagem: Reprodução/Facebook

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

09/02/2021 20h08

O MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) denunciou por homicídio culposo a médica Geysa Leal Corrêa pela morte da paciente Adriana Ferreira Capitão Pinto, 41, em decorrência de um procedimento estético. De acordo com a denúncia, Adriana realizou uma lipoaspiração de abdômen e fez enxerto de gordura nos glúteos. A intervenção foi realizada em 2018, no consultório da médica, no bairro de Icaraí, em Niterói, cidade da região metropolitana do Rio.

Além de a intervenção não ter sido realizada em um local considerado adequado, a profissional, que possui especialidade em otorrinolaringologia, não estava habilitada para realizar os procedimentos.

"As investigações apontaram que Geysa não estava devidamente habilitada para intervenções estéticas, tendo realizado o procedimento em um local sem as devidas condições sanitárias e sem a adoção dos cuidados pós-operatórios cabíveis", informou o MP.

A denúncia destacou ainda o parecer da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e do Cremerj (Conselho Regional de Medicina), que afirmarem que a médica não poderia ter executado a cirurgia, já que para a realização de lipoaspiração é necessário título de especialista na área, em razão da complexidade do procedimento.

As investigações apontaram que a cirurgia ocorreu sem intercorrências, apenas sendo observado pela paciente um inchaço nas pernas, fato comunicado no consultório e, segundo a médica, uma consequência natural da intervenção. Seis dias depois, em casa, a paciente passou a se queixar de falta de ar, teve desmaio, foi socorrida, mas acabou falecendo. O laudo de necropsia confirmou que o procedimento estético foi a razão da morte.

A 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial Núcleo Niterói destacou ainda no documento enviado à Justiça que a médica "deixou de observar o dever objetivo de cuidado que lhe era exigível e, agindo com inobservância das regras técnicas de profissão, com manifesta imperícia e negligência, deu causa à morte de Adriana".

O MP também levou em consideração ao oferecer a denúncia contra a médica, a avaliação do Cremerj e da SBCP que afirmaram que a conduta adequada seria encaminhar Adriana a uma unidade de emergência para um diagnóstico, "evitando as complicações, que de fato se sucederam e, por fim, a vitimaram".

A denúncia ainda não foi apreciada pela Justiça, por isso a médica ainda não se tornou ré no processo.

O UOL entrou em contato com a médica pelos números de telefones fixo e celular indicados na página dela no Instagram, mas não conseguiu ser atendida. Na rede social, Geysa continua a divulgar os procedimentos realizados. No decorrer do dia, a página foi fechada e se tornou uma conta privada. A otorrinolaringologista tem 18,5 mil seguidores na plataforma.