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Polícia crê que jovem achado morto em freezer entrou para se refrescar

Polícia encontrou o corpo do adolescente dentro de um freezer, em Mato Grosso do Sul - Polícia Civil do MS/Divulgação
Polícia encontrou o corpo do adolescente dentro de um freezer, em Mato Grosso do Sul Imagem: Polícia Civil do MS/Divulgação

Daniel César

Colaboração ao UOL, em Pereira Barreto (SP)

09/03/2021 12h21

A Polícia Civil de Campo Grande (MS) está prestes a concluir a investigação pela morte do adolescente que foi encontrado em um freezer na casa da família no mês de janeiro. Neste momento, está praticamente descartada a possibilidade de ter ocorrido assassinato.

A DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) está nos últimos procedimentos para encerrar o inquérito e acredita que a morte de J.E.A.G.R.*, de 15 anos, foi acidental. Ele teria tido um mal súbito quando estava dentro do eletrodoméstico e acabou morrendo.

O inquérito trabalha com a tese de que o menor teria tentado usar o eletrodoméstico para se refrescar, já que estava muito calor naquele domingo na capital de Mato Grosso do Sul. A delegada responsável pelo caso, Elaine Belicasa, defende a tese.

"Latrocínio, homicídio ou suicídio foram praticamente descartados. A gente partiu para algo acidental. Analisando o caso, a gente percebeu que estava muito calor, há depoimentos de que ele [a vítima] sentia muito calor. E [acreditamos] que ele se banhava no quintal da avó", disse ela, ao UOL.

Quintal da casa da avó da vítima, onde o corpo do adolescente foi encontrado - Arquivo da família - Arquivo da família
Quintal da casa da avó da vítima, onde o corpo do adolescente foi encontrado
Imagem: Arquivo da família

O laudo da perícia apontou a causa da morte como indeterminada. A delegada explica que isso se deve ao fato de que o corpo já estava em estado avançado de decomposição, já que passou mais de 24 horas dentro do freezer fechado, e que não há como saber se a vítima sofreu um infarto, derrame ou até o choque por estar dentro do aparelho. "Estupro foi descartado", afirmou a delegada.

Na tese da Polícia Civil, o adolescente teria tentado usar o freezer como uma espécie de banheira para se refrescar do calor, já que nas proximidades do local foram encontrados um short pertencente à vítima e uma toalha, indicando que ele pode ter entrado no local por vontade própria.

A polícia sustenta que o menor passou mal por algum motivo e, como o freezer fechou a porta, ele morreu. "Na apreensão do freezer, a gente percebeu que ele estava com uma risca de água, quando a gente fica muito tempo dentro fica um risco, como foi encontrado na perícia. Foi encontrada água na borracha do freezer, e os pés e as mãos dele [do adolescente] estavam enrugados", revela a delegada.

Jovem usava anabolizantes

Belicasa explicou que um dos fatores que podem ter sido determinantes para a morte do menor foi o fato de ele usar anabolizantes escondido da família.

"Ele fazia uso de anabolizantes indiscriminadamente sem o conhecimento da família e isso pode ter sido fato determinante, mas não é possível saber", revelou a delegada, explicando que teve ciência da informação ao acessar conversas no celular da vítima.

"Uma tragédia, mas uma fatalidade", conclui Belicasa que afirmou restar poucos laudos a serem entregues e que o inquérito deverá ser encerrado até o fim deste mês.

Relembre o caso

O menor foi encontrado no freezer da casa de sua avó, no dia 11 de janeiro, por um primo, que sabia que ele estava sozinho no imóvel. Em depoimento, o rapaz disse que chamou por diversas pelo parente, mas não obteve retorno.

Sem saber o que fazer, de acordo com o depoimento, o jovem pulou o muro da casa, encontrou a vítima dentro de um freezer horizontal, que estava desligado, e viu um filete de sangue vazando. Ao abrir a porta do eletrodoméstico, o rapaz encontrou o adolescente descordado e seminu, segundo contou à polícia.

Em seguida, o familiar entrou em contato com a Polícia Militar e com o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que constatou a morte do adolescente. O caso, à época, foi registrado como morte a esclarecer.

*Iniciais utilizadas para preservar o nome da vítima, que era menor de idade