PM homenageado por Flávio Bolsonaro e ligado a Adriano é morto no Rio
O policial militar Luis Carlos Felipe Martins foi morto a tiros na manhã de sábado (20), na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Martins era próximo do também policial militar Adriano da Nóbrega, denunciado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) por comandar uma milícia e o chamado "Escritório do Crime", grupo de matadores de aluguel. Adriano também foi assassinado, em fevereiro de 2020.
O policial foi atingido por tiros vindos de um carro em movimento, enquanto saía de casa. Outro policial ficou ferido.
Em quebra de sigilo telefônico solicitada pelo MP-RJ e obtida pelo site The Intercept, Martins citou a relação de Adriano da Nóbrega com o presidente Jair Bolsonaro. A menção foi feita em 15 de fevereiro de 2020, dias após o assassinato de Nóbrega na Bahia. "Adriano dizia que se fodia por ser amigo do Presidente da República", falou Martins. O monitoramento telefônico foi suspenso logo depois da menção ao presidente.
A relação entre os dois policiais era tanta que, após a morte de Adriano, Martins teria chegado a vender cabeças de gado que o acusado de chefiar o "Escritório do Crime" tinha na Bahia. Uma segunda reportagem de The Intercept, publicada na última sexta-feira (19), revelou novas escutas telefônicas com detalhes sobre o patrimônio de Adriano da Nóbrega, que chegaria a milhões de reais. Novamente, Martins foi citado como um dos gestores do espólio.
Homenagem de Flávio Bolsonaro
Assim como Nóbrega, Martins foi homenageado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), em 2003, pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
"Com vários anos de atividade, este policial militar desenvolve sua função com dedicação, brilhantismo e galhardia. Presta serviços à sociedade desempenhando com absoluta presteza e excepcional comportamento nas suas atividades. No decorrer de sua carreira, atuou direta e indiretamente em ações promotoras de segurança e tranquilidade para a Sociedade, recebendo vários elogios curriculares consignados em seus assentamentos funcionais", diz o texto de Flávio Bolsonaro.
Pouco depois da homenagem, Adriano da Nóbrega, Martins e outros policiais foram presos suspeitos de sequestro, tortura e extorsão de três jovens de uma favela no Rio. Em 2005, foram condenados. Em seguida, foram absolvidos. Quando estavam presos, receberam visita de Flávio Bolsonaro, segundo reportagem do jornal O Globo.
Alguns anos depois, Martins foi preso novamente, em mais um episódio relacionado a Adriano da Nóbrega. Junto com outros policiais militares, eles foram considerados suspeitos da tentativa de assassinato de um grupo de pessoas, em 2008, por ordem da filha de um bicheiro do Rio, Maninho, que já estava morto. O crime teria ocorrido na disputa pelo espólio do bicheiro. Em seguida, Martins foi solto novamente.
Martins tinha 50 anos, estava na PM há mais de duas décadas e deixa esposa e dois filhos.
"Martins foi covardemente assassinado quando saía de casa em direção ao 16° Batalhão. Amante de esportes, o policial gostava de estar em contato com a natureza, surfar, mergulhar e praticar Jiu Jitsu. O Comando do 16° Batalhão está prestando apoio à família", disse o batalhão, em nota publicada nas redes sociais.
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