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Idoso de 102 anos recebe alta após cinco dias internado por covid-19 no RS

Omar dos Santos Rocha já recebeu segunda dose de vacina contra covid-19, o que neta acredita ter ajudado a evitar caso mais grave - Reprodução
Omar dos Santos Rocha já recebeu segunda dose de vacina contra covid-19, o que neta acredita ter ajudado a evitar caso mais grave Imagem: Reprodução

Lucas Azevedo

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

26/03/2021 22h02

Um idoso de 102 anos recebeu alta hoje após cinco dias internado por complicações da covid-19. Omar dos Santos Rocha é morador de Camaquã (RS), cidade a 130 km de Porto Alegre, na região sul do Rio Grande do Sul, e deixou o hospital à tarde, com direito a festa e com um certificado de "guerreiro".

Seu Omar, como é mais conhecido na cidade, começou a passar mal no último domingo. Queixando-se de falta de ar e diarreia, foi levado a uma farmácia na segunda-feira, pela família, para fazer um exame rápido para diagnosticar o novo coronavírus. O resultado saiu na hora: positivo.

A família correu para o Hospital Nossa Senhora Aparecida, referência na cidade, onde ele foi internado. O aposentado não precisou ser intubado, mas recebeu um tratamento intensivo com oxigênio na ala para pacientes com covid-19.

Segundo sua neta, a auxiliar de enfermagem Carla Rocha, Omar começou a apresentar melhoras já terça-feira. No dia seguinte, passou a necessitar de menos oxigênio.

Agricultor durante toda a vida em Camaquã, o aposentado já foi vacinado, e recebeu a segunda dose da na última semana. Isso, segundo a neta, deve ter feito com que o seu quadro não evoluísse para o mais grave.

Pai de seis filhos e com seis bisnetos (Carla não soube contabilizar o grande número de netos), Omar fraturou o fêmur há seis meses. Na ocasião, seu prognóstico não era dos melhores. Para a surpresa de todos, depois da cirurgia, em um mês e meio Omar estava caminhando.

"Naquela ocasião, o médico disse que a recuperação para esse tipo de cirurgia na idade do vovô é muito lenta e que, por ficar acamado, ele poderia desenvolver problema nos pulmões. Por isso, quando ele passou mal, não pensamos que fosse covid", explica Carla.

A família tem adotado, desde o início da pandemia, todas as medidas de segurança contra a covid-19. O pior para Omar foi ter que reduzir o número de visitas que recebia em casa semanalmente.

"Ele é historiador, poeta. Certamente nesse fim de semana vai me pedir para escrever um agradecimento a todos os profissionais da saúde que cuidaram dele no hospital. Desde o pessoal da higienização. E vai querer publicar no jornal da cidade", ri Carla.

Omar é auxiliado em casa por três cuidadores. "Como ninguém da família está com covid, suspeitamos que uma das cuidadoras infectou o vovô. Ela testou positivo essa semana", lamenta Carla. "Ele é o nosso orgulho", completou.

A reportagem tentou contato com Seu Omar, mas ela já dormia na noite desta sexta-feira (26).

Cloroquina inalável

Seu Omar ficou internado no Hospital Nossa Senhora Aparecida, de Camaquã, instituição que ganhou as manchetes nessa semana. Foi lá que a médica Eliane Scherer administrou a alguns pacientes com covid-19 um tratamento não reconhecido à base de hidroxicloroquina inalável.

Na segunda-feira (22), o hospital Nossa Senhora Aparecida solicitou ao Ministério Público estadual e ao Cremers (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul) que investigassem a conduta profissional da médica. Ela trabalhou no hospital até o dia 10, antes de ser afastada.

Segundo a instituição, o procedimento com hidroxicloroquina inalável é experimental e não possui comprovação científica. Além disso, não possui aval dos protocolos de saúde do hospital nem do fabricante do produto, o que coloca em risco a segurança dos pacientes.

Seu Omar não recebeu o tratamento com hidroxicloroquina inalável.