Família de mulher de promotor, preso após morte, o considerava 'possessivo'
O promotor de Justiça André Luís Garcia de Pinho, preso acusado de matar a mulher, Lorenza Maria Silva de Pinho, de 41 anos, era considerado uma pessoa "possessiva" pela família da vítima.
A mulher foi encontrada sem vida no último dia 2 de abril no apartamento do casal, em Belo Horizonte. A defesa de André sustenta a versão de morte acidental por engasgo.
"Ele era uma pessoa muito possessiva, mas não posso falar nada a mais sobre esse ponto especificamente porque está em meu depoimento", disse ao UOL o pai da vítima, o aviador aposentado Marco Aurélio Silva, de 72 anos. É a primeira vez que a família de Lorenza comenta o caso.
A investigação corre em segredo de Justiça. Por conta disso, o pai da vítima está impedido de detalhar fatos que também constam em seu depoimento, colhido pelo (MP) Ministério Público de Minas Gerais, responsável pela apuração.
Silva conta que o casal vivia junto há 17 anos. Lorenza apresentou André aos familiares quando já estava grávida de seu primogênito com o promotor.
A vítima chegou a iniciar os cursos de Administração e Direito, mas não conseguiu concluí-los para se dedicar aos cinco filhos, que atualmente têm 2, 7, 10, 15 e 17 anos.
Agora, as crianças estão sob responsabilidade de um amigo do casal, após uma decisão judicial baseada em uma carta assinada por Lorenza e André.
"A ocupação dela era cuidar das crianças. (...) Não sei os motivos dessa carta da guarda, mas queremos reavê-los", destaca Silva.
Apesar da longevidade do matrimônio, o pai da vítima afirma que o promotor de Justiça não possuía um relacionamento amigável com os parentes de Lorenza, que também tem uma irmã que mora no Rio de Janeiro. A mãe faleceu há dez anos.
"Eu não me relacionava muito bem com ele, não. O relacionamento do André com a minha ex-mulher [mãe da vítima] foi terrível. Fez coisas que até Deus duvida. Com a família da Lorenza, era totalmente incompatível", lembra.
Família não acredita em morte acidental
Silva não se recorda de nenhuma suspeita quando falou com a filha pela última vez, na semana da morte. Perguntado sobre o relacionamento do casal, ele preferiu não responder por também ter sido questionado sobre isso na investigação. O pai, contudo, destaca que a família ainda está sem acreditar na possibilidade de morte acidental levantada pela defesa do promotor.
"Estamos extremamente abalados, machucados e doídos internamente. Não é normal que uma a filha morra antes do pai, principalmente por uma morte estranha. Uma mulher de 41 anos, bem de saúde e bonita morrer engasgada? Eu, que sou leigo, acho muito estranho isso. Estamos em busca da verdade e que ela venha à tona. Caso exista um culpado, que seja fortemente punido, embora saibamos de todas as dificuldades", comentou.
A família também teme fazer acusações sobre a morte de Lorenza antes das conclusões das investigações por medo de serem processados.
"Não posso arcar com processos por acusar alguém de algo. (...) Não posso dizer que o André fez porque eu não estava lá, mas espero muito que a Justiça seja feita".
Corpo ainda está no IML
Uma semana após a morte, a família realizou ontem quatro missas de sétimo dia simultâneas em cidades diferentes, para contemplar homenagens de pessoas próximas da vítima. As celebrações aconteceram em Belo Horizonte, Viçosa, Uberaba, em Minas Gerais; e no Rio de Janeiro.
Os parentes agora buscam a liberação do corpo de Lorenza para sepultá-la. Ele continua no IML (Instituto Médico Legal) da capital mineira.
"O corpo da minha filha está no IML e não sabemos quando será liberado. O sentimento não é nem por deixar de sepultar, mas a perda da minha filha. Foi arrancada metade de mim. Como posso estar uma hora dessas? Quem espera em uma Sexta-Feira da Paixão receber essa notícia?", lamenta o pai.
Procurado pela reportagem, a Polícia Civil informou que a necropsia no corpo da vítima já foi realizada, mas que depende de autorização do MP para a liberação. O Ministério Público não comentou o motivo de o cadáver continuar no IML porque o caso está em segredo de Justiça.
Defesa sustenta morte acidental
O advogado que faz a defesa do promotor, Robson Lucas, afirmou que seu cliente está "ansiosamente aguardando o laudo do IML para que a gente possa apresentar ao público e à justiça os esclarecimentos sobre os fatos equivocados que constam contra André".
O promotor foi preso em 4 de abril, no apartamento onde morava com Lorenza e os cinco filhos.
De acordo com o relato do promotor André Luís para seu advogado, a esposa se engasgou e os procedimentos médicos não tiveram êxito. O suspeito teria acordado com Lorenza tossindo e se engasgando ao fim da madrugada.
"O filho de 2 anos estava na cama, tentou acordar a Lorenza, mas ela não respondeu", relata Robson. O promotor então teria levado a criança para outro quarto e acionado o serviço de emergência de um hospital privado por volta das 6h.
"Eles encaminharam uma ambulância com um médico e uma enfermeira. Ficaram 40 minutos fazendo massagem, todos os tipos de procedimentos visando o restabelecimento. O médico tentou fazer a intubação, mas as vias respiratórias estavam fechadas. Ele não conseguiu fazer esse procedimento e Lorenza veio a óbito", completa.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.