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Motoboy que agrediu porteiro em condomínio no RJ é indiciado por homicídio

Imagens de câmera de segurança mostram motoboy batendo em porteiro; ele havia admitido agressões, alegando legítima defesa  - Reprodução
Imagens de câmera de segurança mostram motoboy batendo em porteiro; ele havia admitido agressões, alegando legítima defesa Imagem: Reprodução

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

10/04/2021 01h30

A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou o motoboy Marcus Vinícius Gomes Corrêa por homicídio doloso, após a morte do porteiro Jorge José Ferreira, 58, agredido durante uma briga em um condomínio na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. O funcionário morreu no último dia 3, em decorrência de traumatismo craniano. De acordo com a Delegacia da Barra da Tijuca, responsável pela investigação, o inquérito já foi enviado para o Ministério Público.

Na ocasião, Marcus Vinícius disse ao UOL que ficou chocado ao saber da morte do porteiro. A briga entre os dois começou após o motoboy se perder no condomínio e tentar deixar o local pela portaria social. A discussão evoluiu para agressões físicas. O porteiro usou um guidão de bicicleta contra o motoboy, que tomou o objeto do funcionário e desferiu sete golpes na cabeça dele.

O advogado do motoboy, Carlos Diogo, disse que o cliente agiu em legítima defesa. "O acontecimento teve um desfecho muito triste, ele [Marcus Vinícius] está sofrendo ameaças, está em casa. Ele agiu em legítima defesa. Naquele momento [no edifício] ele estava impedido de se evadir do local e houve um despreparo do porteiro, um exercício ilegal da profissão, já que ele não era segurança. O Marcus agiu para repelir uma injusta ameaça. Uma barra de ferro não é o instrumento adequado para autodefesa em segurança privada. Se fosse um cassetete de madeira ou borracha não teria ocorrido a morte", alegou a defesa em entrevista ao UOL.

Relembre o caso

A briga entre o entregador e o porteiro ocorreu na noite do dia 29 de março. De acordo com relatos de parentes da vítima e do próprio motoboy, a discussão começou após o porteiro abordar o motoboy que tentava deixar o edifício pela portaria social, após fazer uma entrega de lanche para um morador. Na ocasião, o motoboy contou que foi abordado de forma ríspida e desrespeitosa pelo porteiro e que, por isso, se recusou a deixar o local, posteriormente, pela saída de serviço destinada aos prestadores de serviços.

O caso ganhou repercussão na internet depois que o entregador divulgou vídeos onde aparecia no chão imobilizado por um porteiro. Nas imagens, outro funcionário aparece ameaçando quebrar o celular do motoboy. No entanto, imagens de câmeras de segurança mostraram agressões das duas partes.

Gravações do circuito interno do condomínio mostram Jorge José tentando impedir a saída do entregador pela portaria principal. Nesse momento, o motoboy chuta o porteiro. Em outro vídeo, os dois aparecem na parte externa do condomínio. O porteiro vai até uma guarita e pega um guidão de bicicleta e agride Marcus nas pernas que toma o objeto do porteiro e o agride com sete golpes na cabeça. As agressões só pararam quando Jorge cai no chão ensanguentado.

Jorge foi socorrido e Marcus imobilizado pelos demais funcionários que tiveram ajuda de um morador. O motoboy relatou ter sido enforcado e agredido pelo grupo. As agressões só foram interrompidas com a chegada da polícia.

Família cobra justiça

Um parente da família do porteiro, que terá o nome preservado, contou à reportagem que espera por justiça. Segundo ele, familiares estão preocupados com o sustento da família. Jorge deixou a mulher e dois filhos - um de 14 anos e outro de 23. A viúva está desempregada, assim como o filho mais velho.

"Eu vejo o dinheiro acabando, ele era provedor, trabalhava no edifício e tinha também uma barraquinha, um bazar que vendia de tudo e era usado para complementar a renda da família. Não sei como vai ficar a situação agora", disse o parente.

Jorge trabalhava há 19 anos no prédio onde foi agredido. Ele foi socorrido para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra, e depois transferido para o Miguel Couto, na Gávea, na zona sul, devido às gravidades das lesões.

Na unidade, ele passou por cirurgia. Segundo boletim médico, Jorge precisou ser submetido a uma intervenção para descompressão da calota craniana frontal. O paciente precisou também de traqueostomia. O estado de saúde dele era considerado gravíssimo. No dia 3, à noite, Jorge José não resistiu e morreu.