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Jornal: Mãe relatou a pediatra que Henry vomitava e tremia ao ver Jairinho

O menino Henry Borel ao lado da mãe, Monique Medeiros, e do padrasto, o vereador Dr. Jairinho - Reprodução
O menino Henry Borel ao lado da mãe, Monique Medeiros, e do padrasto, o vereador Dr. Jairinho Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

12/04/2021 08h29

A professora Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, de 4 anos, assassinado no dia 8 de março, revelou a uma prima pediatra que o garoto "vomitava e tremia" ao ver o padrasto, o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade). Além disso, a professora afirmou que o filho tinha "medo excessivo de tudo". A dupla foi presa temporariamente na última quinta-feira (8) pois, segundo investigadores, ambos estavam atrapalhando as investigações e ameaçando testemunhas.

A conversa entre mãe e pediatra, obtida e divulgada pelo jornal O Globo, foi recuperada pela Polícia Civil no celular de Monique e inserido ao inquérito. A troca de mensagens teria ocorrido seis dias depois de a professora ter sido informada pela babá do filho (veja a íntegra abaixo), Thayná de Oliveira Ferreira, que Jairinho dava rasteiras e chutes na criança.

Em 18 de fevereiro, às 16h53, Monique escreveu para a prima, identificada apenas como Renata: "Henry está com medo excessivo de tudo, tem um medo intenso de perder os avós, está tendo um sofrimento significativo e prejuízos importantes nas relações sociais, influenciando no rendimento escolar e na dinâmica familiar. Disse até que queria que eu fosse pro céu pra morar com meus pais, em Bangu".

O relato de Monique vai ao encontro da denúncia de uma ex-namorada de Jairinho que disse que ela e a filha, à época da relação com 4 anos, eram agredidas pelo parlamentar. Segundo a ex, a filha dela vomitava ao ver o médico e a menina agredida com cascudos, além de ser afundada embaixo da água por Jairinho "até ela perder a respiração e ele subia de novo ela [à superfície]". No relato à DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima), que durou cerca de 5 horas, a garota, que não teve o nome divulgado, na presença de um psicólogo, contou que era agredida frequentemente por Jairinho há 8 anos.

Monique completou a mensagem para a prima afirmando que quando Henry via Jairinho dizia "que está com sono, que quer dormir e não olha para ele [padrasto]". Ela ainda explicou que "[Henry] nunca dormiu sozinho, mas antes ficava no quarto esperando irmos ao banheiro ou levar um lanche, agora se recusa a ficar sozinho, não tem apetite, está sempre prostrado, olhando para baixo, noites inquietas com muitos pesadelos e acordando o tempo inteiro. Chora o dia todo".

Monique também explica a prima que Henry começou a terapia com uma psicóloga. Em depoimento à polícia, a profissional Érica Mamede disse não ter notado anormalidade no comportamento do menino e informou que foi procurada pela mãe do garoto porque ele não estava querendo frequentar a escola e ficar na casa dela, onde morava com o parlamentar.

"Iniciei com a psicóloga. Fizemos duas sessões, uma por semana. Você acha que preciso procurar um neuro, psiquiatra, fazer mais sessões por semana? Tem sido muito sofrido para todos nós", continuou Monique em mensagens enviadas para a prima.

A pediatra Renata respondeu: "Acho que agora no início poderia ser duas vezes por semana. Neuro e psiquiatra, não. Infelizmente isso é comum".

Segundo o Fantástico, da TV Globo, Monique levou o filho até a pediatria do hospital Real Dor, em Bangu, na zona oeste do Rio, no dia seguinte em que a babá relatou a ela as supostas agressões cometidas pelo padrasto contra Henry.

Os registros do boletim médico apontam que o menino foi atendido no hospital no dia 13 de fevereiro. Na ocasião, Monique relatou que Henry havia caído da cama, no dia anterior, por volta das 17h, mesmo horário da conversa com a babá. O documento mostra que a criança estava mancando. Uma radiografia do joelho esquerdo também foi feita, mas o resultado diz que a estrutura óssea foi mantida.