Jairinho abre a porta para mulher, mas tem lado obscuro, diz delegado
Detalhes da personalidade do vereador Dr. Jairinho, que para a Polícia Civil oscila entre a cordialidade e a violência na intimidade, foram revelados na investigação do assassinato do menino Henry, morto em decorrência de agressões sofridas na madrugada de 8 de março no apartamento do parlamentar na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
O político e a professora Monique Medeiros, padrasto e mãe da criança, foram presos na quinta-feira (8) por suspeita de atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas. Eles são investigados por envolvimento no assassinato.
"Ele é descrito como uma pessoa gentil e educada, que abre a porta do carro e puxa a cadeira para a mulher sentar. Mas tem um lado obscuro, com histórico de violência e agressões", disse Antenor Lopes, diretor do DGPC (Departamento Geral de Polícia da Capital), que coordena as investigações conduzidas pela 16ª DP (Barra).
O delegado será entrevistado pelo UOL Entrevista, às 14h de hoje.
Os investigadores conseguiram elaborar o perfil de Jairinho com base em relatos de pessoas que já se relacionaram com ele.
Em depoimento na sexta-feira (9), a ex-mulher Ana Carolina Ferreira Netto disse ter sido agredida com chutes na canela em uma briga, em 2013, por se recusar a viajar em lua de mel ao descobrir uma traição. Já a DCAV (Delegacia da Criança e Adolescente Vítima) investiga supostas agressões a uma ex e à filha dela.
'Eles chegaram e saíram de mãos dadas'
O delegado Antenor Lopes falou sobre o cuidado da investigação na abordagem a Monique. "Era uma família enlutada, sofrendo com a perda", comentou. Monique só prestou depoimento em 17 de março —nove dias após a morte de Henry.
A relação entre Jairinho e Monique chamou contudo a atenção dos investigadores. "Eles chegaram e saíram [da delegacia] de mãos dadas", lembrou.
Segundo Antenor, os investigadores respeitaram o momento de luto da família. Mas chamou a atenção o relato dado por Leniel Borel, pai do menino, que disse ter ouvido Jairinho aconselhá-lo a "virar a página" após a morte do menino.
"Esse luto, a pessoa carrega por toda a vida. Isso não tem 'virar a página'. Essa página nunca é virada. Ela foi arrancada à força e vai deixar o livro da sua vida sem uma parte para sempre", disse o delegado.
Relato da babá e pedido de prisão
Os prints da conversa pelo celular entre Monique e a babá Thayná de Oliveira Ferreira, que relatou agressões de Jairinho a Henry em 12 de fevereiro, foram determinantes para que a polícia pedisse a prisão temporária do casal. Isso porque o episódio não foi relatado pela mãe e pela babá, que prestou outro depoimento ontem à tarde.
"Nessa conversa, achamos uma prova de que a babá havia mentido. Ali, o doutor Henrique [Damasceno, delegado responsável pela investigação 16ª DP] decidiu pedir a prisão. Porque essa interferência nas testemunhas precisaria cessar", explicou Antenor Lopes.
"Monique é a mãe, é agente garantidora. Ela tem o dever legal de proteger o seu filho. Quando percebeu o que estava acontecendo, ela tinha que afastar o menino daquela casa. Pela omissão, ela pode responder pelo homicídio", completou.
O advogado André França Barreto, que defende o padrasto da criança, disse que Monique não relatou à polícia a troca de mensagens que teve com a babá do menino por "não achar pertinente".
A Polícia Civil estima que a investigação deve ser concluída em duas semanas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.