Caso Henry: 'Quem ama, aceita e tolera', disse Monique à mãe em mensagem
A professora Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, de 4 anos, morto em 8 de março, enviou uma foto do filho para a mãe dela, Rosângela, acompanhada de uma mensagem, às 21h42, do dia 23 de fevereiro. A imagem enviada mostra o menino dormindo em um colchão no chão do quarto da mãe e do médico e vereador Dr. Jairinho, padrasto do menino. Já no texto, a namorada do parlamentar diz que "quem ama, aceita e tolera também", após ser questionada pela mãe dela sobre outras pessoas aceitarem a criação do menino.
A troca de mensagens, obtida pelo UOL e recuperada de um dos celulares de Monique apreendidos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, foi realizada onze dias após a professora ter sido avisada pela babá de Henry, Thayná de Oliveira Ferreira, que a criança estava mancando após ficar trancada em um quarto com o parlamentar. Em uma chamada de vídeo feita pela funcionária com a mãe no mesmo dia, o menino teria confessado que era agredido pelo padrasto.
Após o envio da foto de Monique para a mãe, através do WhatsApp, Rosângela responde: "Toda criança é desse jeito. Seu irmão foi assim. O problema é que pai tolera e aceita. E tio??????", questiona. Monique então responde a mãe: "Quem ama, aceita e tolera também?" As duas trocam figurinhas carinhosas e uma diz para a outra: "Te amo" e "Te amo também. Obrigada!".
A babá disse em novo depoimento prestado na 16ª DP (Barra da Tijuca) nesta semana que, no dia 12 de fevereiro, a mãe do menino estava no salão de beleza em um shopping próximo ao condomínio Majestic, onde o casal morava com o garoto, e retornou quase 3h após ela ter narrado os fatos em uma troca de mensagens, que começou às 16h10.
Enquanto Thayná e Henry esperavam na brinquedoteca, Monique chegou por volta das 19h e convidou a trabalhadora e o filho para darem uma volta de carro e explicar a situação relatada pela funcionária. Segundo a babá, assim que eles entraram no automóvel, a professora disse: "nossa, eu vim rápido, ainda borrei minha unha, me conta, Thayna, o que que aconteceu?".
Após Thayná relatar novamente todas as supostas agressões de Jairinho contra o menino, Monique parecia nervosa e perguntou para o filho se ele confirmava a história. O menino balançou a cabeça em concordância com o que a funcionária tinha dito.
A avó materna Rosângela Medeiros também teria conhecimento de que o neto era agredido por Jairinho, segundo o depoimento da trabalhadora obtido pelo UOL. Na semana seguinte ao fato, a babá relatou pessoalmente todos os fatos notados por ela para a avó de Henry.
Rosângela teria ficado assustada e indignada quando soube das agressões, mas questionou se Henry poderia estar mentindo ou falando a verdade. Thayná confirmou a veracidade da história e disse que o menino estava mancando, com dor na cabeça e com um roxo.
Monique Medeiros e Jairinho foram presos temporariamente na última quinta-feira (8) pois, segundo investigadores, o pedido de prisão aconteceu pelo casal atrapalhar investigações e ameaçar testemunhas.
A mãe de Henry foi encaminhada ao Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói, e o vereador Jairinho foi levado para o presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó. Os dois se queixaram de dores nos últimos dias e Monique foi internada na madrugada de segunda-feira por suspeita de infecção urinária no Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho de Castro, na zona oeste do Rio.
*Com colaboração de Beatriz Gomes, do UOL, em São Paulo
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