Copeiro acusa gerente de injúria racial e se demite: 'Estamos cansados'
O copeiro de um restaurante em Campo Grande (MS) registrou ontem Boletim de Ocorrência por injúria racial contra o gerente do estabelecimento, relatando dois episódios em que ele teria sido ofendido pelo chefe imediato. Pablo Kallew Oliveira dos Santos, de 23 anos, também denunciou o caso em suas redes sociais.
Ao UOL, o jovem contou que a primeira vez em que se sentiu vítima de injúria racial no estabelecimento foi por conta de um boné. Na ocasião, ele foi chamado de "malandro" pelo superior, que ainda insinuou que não havia contratado "bandido".
"Eu não tinha boné pra trabalhar, então pedi um emprestado pra um colega meu do condomínio, mas ele estava sujo e eu comecei a usar pra trás. No mesmo dia em que eu usei pra trás o meu colega de copa também usou o dele pra trás. E nesse instante o nosso gerente gritou do meio do salão que ele não tinha contratado maloqueiro e nem bandido pra ficar com boné pra trás", detalhou Pablo.
"Ele abriu os braços dizendo: 'nossa, parece malandro'. Ele falou isso na frente de todo mundo e na frente do salão. Foi o primeiro passo que me fez ficar esperto com ele", afirma o rapaz.
Nas redes sociais, ele relatou também o segundo episódio, que teria sido o estopim para a denúncia.
Bom venho expor minha opinião sobre um acontecido recente comigo. Tinha basicamente uma semana de empresa (NATIVAS...
Publicado por Pablo Kallew Santos em Quinta-feira, 6 de maio de 2021
Pablo contou que o gerente o chamou quando ele estava no banheiro, fazendo comentários ofensivos sobre seu cabelo.
"'Ow...você sabe quem me lembrou quando você chegou com esse seu cabelo aí?'. Eu disse que não sabia? 'Lembrou o cabelo do meu saco quando mais novo' (enquanto fazia menção de abaixar a calça) e saiu rindo alto pra caralh*...tinha 2 garçons à nossa frente e meu companheiro de copa, ninguém riu, todo mundo se assustou também", escreveu o ex-funcionário.
Ao UOL, o copeiro afirmou acreditar que o gerente planejava as agressões verbais.
"Ele literalmente ficou esperando eu chegar, calculando tudo na mente dele, esperando eu ir trabalhar. E quando eu comecei a ir trabalhar ele falou e fez os gestos. Eu acho que em nenhum momento ele teve pudor ou respeito e acho que na realidade ele sempre quis e nunca teve punição", lamenta.
Pablo denunciou o caso à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário, no centro de Campo Grande, na terça-feira (04), mas tornou o episódio público em suas redes apenas ontem.
Com a repercussão do caso, ele diz esperar justiça.
"Pela primeira eu tô vendo que ele vai pagar sim pelo que ele fez e não vai demorar muito, espero que a justiça seja feita realmente", afirma o ex-funcionário, que se desligou da empresa após apenas uma semana trabalhando.
O episódio aconteceu na franquia de Campo Grande da rede de restaurantes Nativas Grill. Em nota, o estabelecimento afirmou que "repudia veementemente qualquer forma de discriminação" e disse "zelar pelo bem-estar de todos" os funcionários.
"Após tomar conhecimento, pela imprensa, de fatos de suposto episódio de discriminação racial envolvendo um dos colaboradores, a empresa iniciou imediatamente processo administrativo interno para apuração e, se restar comprovada a prática de atos discriminatórios, tomará as medidas legais cabíveis. Até o momento a empresa não foi intimada quanto ao suposto boletim de ocorrência", completou o comunicado, compartilhado na tarde de hoje.
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