SC: 'Dia das Mães muito triste', diz vizinha de vítima de ataque em creche
Um silêncio sepulcral marcou a manhã de hoje em frente à escola Aquarela, onde na última terça-feira (4) cinco pessoas morreram esfaqueadas - três delas crianças de menos de dois anos. Na frente dos portões da escola um pequeno jardim acabou se formando, com mais de 20 vasos com diferentes tipos de flores, como gerânios, crisântemos e margaridas.
O designer Alan Pappis, 28 anos, parou o carro do outro lado da rua e cruzou o asfalto vagarosamente, com um vaso de flores nas mãos. Ele é primo da professora Keli Adriane Aniecevski, 30, uma das cinco vítimas do ataque.
"A Kelli passou os últimos dez anos trabalhando com as crianças, era uma segunda casa para ela aqui. Com tudo que aconteceu, a gente não teve muito tempo de parar, vir aqui. Então hoje trouxemos uma homenagem não só para ela, mas para todas as vítimas. E também com as professoras que ficaram, que passaram por isso e que, de alguma forma, precisam também de apoio e de pensamentos positivos."
Ao lado da entrada principal da escola, um outdoor faz referência ao Dia das Mães, celebrado amanhã. Na verdade, a cidade inteira está decorada para data, o que contrasta com faixas pretas e cartazes de luto colocados na entrada do comércio em homenagem às vítimas do ataque. O crime violento fez a data comemorativa perder sentido.
A missionária Sandra Sansonowicz, 40 anos, mora em frente à casa da mãe de uma das crianças mortas no ataque. A filha dela era amiga de uma das meninas vítima e todos os dias elas brincavam juntos, após retornar da escola.
"A família está arrasada. A mãe dela ontem olhava a minha brincando e só chorava, é muito triste. Como ela era nossa vizinha para nós está sendo muito difícil, a gente é muito apegado com a família e vai ser um dia (das mães) muito triste, não tem o que comemorar amanhã. A gente visitou as famílias é algo sem explicação, não sabe o que fazer, o que falar. O momento é só abraçar as pessoas e dar carinho, atenção, porque não tem explicação", explica Sara.
A técnica de enfermagem Jussiara Nunes, 41 anos, caminhava na manhã de hoje pelas ruas da cidade com o filho. Baiana, ela mora na cidade há oito anos e diz que, até então, considerava a cidade segura.
"Eu considero uma cidade maravilhosa em todos os aspectos principalmente para criar os filhos porque é uma muito tranquila. Como eu venho de outro Estado, nós éramos acostumados a sempre ficar preocupados em fechar as portas e aqui não. O povo às vezes nem se preocupa em trancar as portas", conta.
Na manhã do crime, Jussiara estava fazendo a limpeza de um banco quando soube do ataque. Ela largou tudo e correu até a escola do filho, preocupada da situação se repetir. "Eu fiquei muito abalada. Quando soube da notícia a reação foi imediata de ir atrás do meu filho. Até então a gente não sabia de qual seria a dimensão, se poderia atingir as outras escolas. A sensação de quando eu peguei meu filho foi de alívio."
A técnica de enfermagem observa que, neste ano, o Dia das Mães vai ser diferente na cidade. "Vai ser um dia pesado, triste, porque eu lembro que as outras mãezinhas não vão ter mais seus filhos. Um pouco eu me sinto uma mãe enlutada pelas outras mães que perderam os seus filhos", explica Jussiara.
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