RJ: Família de morto em ação da PM diz que sofreu intimidação em velório
A família de Jhonathan Muniz Pereira, 23, denuncia que policiais militares adotaram uma postura de intimidação e ameaças após a morte do rapaz, e de um amigo, na última terça-feira (18) na Cidade de Deus, comunidade da zona oeste carioca, após abordagem policial.
Por volta das 14h30 de hoje, enquanto um parente conversava com a reportagem do UOL, policiais "cercavam" a família no velório e pediam para conversar. A ligação teve de ser interrompida porque um PM se aproximou, tentando ouvir o teor da conversa.
Na noite de ontem, um homem que se apresentou como sargento da Polícia Militar —sem contudo se identificar— foi à casa da mãe de Jhonatan, pediu para tirar foto dos documentos de todos os moradores e fotografou a casa. Ao sair, disse para a família "ficar esperta".
A família teme sofrer retaliação. "Não estamos nem preocupados, estamos com medo. A gente sabe o que pode acontecer", disse uma familiar que preferiu não se identificar.
A advogada Nadine Borges, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que presta assistência à família, avalia uma abordagem como essa.
"Estamos no mínimo diante de uma violação de domicílio, abuso de autoridade, crime de ameaça e eventualmente fraude processual. Um agente público da segurança não pode ingressar em um domicílio sem identificação e fazer registros fotográficos de documentos sem autorização", afirmou.
O UOL procurou a assessoria de imprensa da Polícia Militar, mas não recebeu retorno até o fechamento da reportagem.
Entenda o caso
Jhonathan foi morto na garupa da moto do mototaxista Edvaldo Viana, 41. Testemunhas da ação apontam que policiais militares balearam os dois homens após uma abordagem, mesmo estando desarmados. Edvaldo também morreu.
Já os PMs envolvidos na ação afirmaram que Jhonathan e Edvaldo estavam armados, mas não apresentaram a arma na delegacia.
Vídeos publicados em redes sociais na noite das mortes mostram PMs arrastando os corpos das vítimas pelas ruas da Cidade de Deus.
A família de Jhonathan, que trabalhava com reciclagem, explica que só souberam da confirmação da morte na quarta-feira (19). "A mãe dele nem quis acreditar quando viu os vídeos", relatou uma familiar da vítima.
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