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Vereadora do Rio relata abordagem da PM com armas em punho e gritos

Beatriz Gomes e Rafael Bragança

Do UOL, em São Paulo

28/05/2021 18h40Atualizada em 28/05/2021 21h17

A vereadora do Rio de Janeiro Tainá de Paula (PT) relatou que foi abordada "de forma muito truculenta" pela Polícia Militar na noite de ontem, no bairro carioca da Tijuca, quando deixava de carro a Câmara Municipal. Junto da parlamentar, que é negra, estavam três assessores do seu gabinete, todos negros, segundo informou ao UOL a assessoria da vereadora.

Em um vídeo gravado pela vereadora ao qual a reportagem teve acesso e foi publicado posteriormente em suas redes sociais, Tainá relata que os policiais tinham "armas em punho" e pediam para que os ocupantes do carro saíssem do veículo. Ainda ontem no Twitter, a vereadora relatou que eles ouviram "berros de mão na cabeça", mesmo com todos "em choque".

Fomos abordados de forma muito truculenta, com armas em punho, em riste, pedindo para a gente sair do carro, sem nenhum outro protocolo de segurança, nenhuma grande metodologia de abordagem policial.
Tainá de Paula (PT), vereadora do Rio de Janeiro

Ao UOL, Tainá contou que a abordagem também causou temor pelo fato de guardar semelhanças com o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O local em que o veículo foi abordado fica na R. Dr. Satamini, na Tijuca, a menos de um quilômetro de onde aconteceu a execução de Marielle.

"Era o mesmo trajeto que Marielle fazia", disse Tainá, que também é arquiteta, urbanista e colunista de Ecoa do UOL.

Infelizmente, não somos diferentes das estatísticas de violência institucional que a Polícia Militar do Rio de Janeiro, e não só do Rio, mas como do país como todo vêm operando.
Tainá de Paula (PT), vereadora do Rio

Segundo a parlamentar, a abordagem foi por volta das 22h, após uma moto com luminoso seguir o veículo em que ela estava — um carro oficial com aluguel pago pela Câmara do Rio.

De acordo com a sua assessoria, não houve justificativa dos policiais sobre a abordagem. Tainá cobrou que exista um "limite" para ações policiais do tipo.

"A gente vive um contexto de muita violência. Estamos ainda questionando os motivos da chacina do Jacarezinho, o motivo da execução sumária de Marielle Franco", afirmou.

Ofício à Secretaria da PM

Para formalizar uma queixa contra a abordagem, a vereadora disse que vai protocolar um pedido de explicações à Secretaria de Estado da Polícia Militar do Rio. Tainá também afirmou que vai registrar um boletim de ocorrência sobre o ocorrido.

A PM fluminense foi questionada pelo UOL sobre a abordagem, mas respondeu apenas que aguarda a notificação oficial sobre o caso.