Médico que confessou matar colega teria usado CRM de outra pessoa
O homem que confessou o homicídio do médico Andrade Lopes de Santana, encontrado morto no final de maio na região do rio Jacuípe, na Bahia, teria usado o registro de um outro profissional da saúde para clinicar na cidade de Santa Terezinha, a 210 km de Salvador.
Em entrevista à TV Subaé, afiliada da TV Globo na região, o delegado Roberto Leal, coordenador da Polícia Civil da região, explicou que o acusado, formado em medicina na Bolívia, veio para o Brasil por volta de 2016 com permissão para trabalhar apenas dentro do programa Mais Médicos, regra burlada com o uso do número de CRM de outro médico.
Ainda segundo o delegado, o acusado estudou junto com a vítima no exterior, e teria afirmado que Andrade e um terceiro amigo, também colega de turma dos dois, estariam planejando sua morte, hipótese descartada pela polícia.
Leal afirmou à TV local que não descarta que o crime tenha outros envolvidos, já que existem lacunas na investigação sobre o passo a passo da fuga do acusado depois de matar o colega no meio do rio.
Questionado sobre os procedimentos quanto à falsificação ideológica no número do CRM (Conselho Regional de Medicina), o delegado afirmou que o verdadeiro médico titular será ouvido.
O Caso
Andrade Lopes de Santana, de 32 anos desapareceu no dia 24 de maio depois de viajar até a região do Rio Jacuípe, em Feira de Santana, para encontrar um amigo, identificado como o acusado, e comprar uma moto aquática. Na sexta-feira (28), pescadores encontraram um corpo boiando às margens do rio e denunciaram à polícia.
De acordo com informações da TV Record, o cadáver apresentava perfurações na nuca e estava amarrado a uma âncora — para afundar no rio. Horas depois o carro de Andrade também foi encontrado encostado na BR-101, próximo ao rio, sem registros de acidente.
A família da vítima chegou do Acre, terra natal de Andrade, para acompanhar as investigações, sendo recebida pelo acusado do crime, que consolou os parentes em luto.
"O amigo dele almoçou com a gente, abraçava minha irmã, consolava ela. Por que o ser humano é tão monstro?", disse a mãe de Andrade à TV Record.
Segundo a TV Subaé, afiliada da TV Globo, a polícia encontrou contradições no depoimento do amigo e passou a investigá-lo. O delegado Roberto Leal, da Polícia Civil, diz que descobriu que a âncora havia sido comprada pelo homem e também estava com a moto aquática que Andrade compraria no dia em que foi morto.
"Através do depoimento de uma testemunha foi possível identificar que o médico amigo de Andrade estaria na posse do veículo que foi subtraído de Andrade no dia do desaparecimento", disse.
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