MP do RJ denuncia quatro policiais pela morte de jovem negro de 18 anos
O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou ontem quatro policiais pelo homicídio de um jovem negro de 18 anos, que foi baleado na cabeça e no ombro em Costa Barros, zona norte do Rio de Janeiro, em 2018.
O MP emitiu hoje a nota com detalhes da denúncia feita junto à 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada pela morte de Lucas Azevedo Albino. Em janeiro de 2019, o ministério chegou a pedir a suspensão dos mesmos policiais.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020 (levantamento mais recente feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com dados do ano de 2019), 74,4% das vítimas de homicídio no Brasil eram pessoas negras. Entre as pessoas mortas por policiais, 79,1% são pessoas negras. Na esfera do poder público, não existe uma divulgação transparente de dados oficiais nacionais sobre homicídios ou sobre mortes provocadas por policiais em todo o Brasil. O governo brasileiro também não disponibiliza dados nacionais sobre as investigações e punições de homicídios.
De acordo com o inquérito policial instaurado para apurar a morte de Lucas, a ação ocorreu em um posto de gasolina situado na esquina da Avenida Pastor Martin Luther King Jr. com a Estrada de Botafogo. A acusação afirma que os quatro policiais militares lotados no 41º Batalhão de Polícia Militar atiraram no jovem, causando nele lesões corporais que provocaram a sua morte.
Segundo o documento, a vítima andava como passageiro em uma moto quando, após uma tentativa de abordagem da PM e uma breve perseguição, foi atingida no ombro e caiu no chão.
"Lucas Azevedo Albino permaneceu no local até a abordagem policial, enquanto o condutor, não identificado pelas investigações, conseguiu escapar, seguindo em direção ao Complexo da Pedreira. Logo em seguida, o jovem, ferido e ainda caído, dizia não ser bandido e apelava pela presença da mãe, quando foi abordado pelos PMs, à vista de transeuntes e conduzido para a caçamba da viatura número 52-2505", argumenta a denúncia.
O laudo cadavérico apontou que Lucas foi atingido com dois disparos de arma de fogo, um no ombro esquerdo e outro na cabeça. De acordo com o depoimento cedido pela mãe do rapaz na Delegacia de Homicídios, na época do crime, "os acusados colocaram a vítima na viatura policial sem nenhum ferimento na cabeça, o que corrobora a versão de execução a caminho do hospital".
Na presente denúncia, o MP diz que um dos policiais, "por vontade livre, consciente e inequívoco propósito homicida e em comum acordo com os demais policiais militares, efetuou o segundo" e fatal disparo na cabeça de Lucas.
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