Justiça condena acusado de matar Marielle por desaparecimento de armas
O juiz Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo, da 19ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, condenou, nesta sexta (9), o ex-PM Ronnie Lessa a quatro anos e meio de prisão num processo que trata do sumiço de ao menos seis armas. Elas teriam sido lançadas ao mar dias após a prisão dele em março de 2019. Lessa é um dos acusados de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.
A sentença não altera a situação atual de Lessa, que está detido na Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró (RN) pela acusação do duplo homicídio. A decisão de ontem se refere ao porte ilegal das armas destruídas.
Outras quatro pessoas foram condenadas a quatro anos de prisão por organização criminosa, que teria sido articulada para o desaparecimento das armas: Elaine Pereira Figueiredo Lessa (mulher de Ronnie); Bruno Pereira Figueiredo; José Márcio Mantovano e Josinaldo Lucas Freitas. A pena nestes casos, porém, deverá ser cumprida em regime aberto. Ainda cabe recurso da decisão.
De acordo com o magistrado, "a conduta dos denunciados impediu a apreensão e identificação de diversas armas de fogo que podem ter sido utilizadas na prática de inúmeros crimes".
É possível, inclusive, que a arma utilizada no crime de assassinato perpetrado contra a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes pudesse estar nas caixas que foram lançadas ao mar"
Juiz Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo em trecho da decisão
Durante as investigações, um barqueiro que trabalha na Barra da Tijuca afirmou que Josinaldo tirou as armas de caixas e as lançou no mar, próximo às Ilhas Tijucas.
"Acrescente-se ainda que indicam a materialidade do crime o relatório de análise de imagens, bem como, o relatório de varredura realizado pela Marinha, que apontou a existência de objetos compatíveis com o mencionado armamento, no fundo do mar, embora não tenham sido encontrados em razão da profundidade onde se encontravam", completou o juiz.
Crime contra o Estado Democrático de Direito
Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo também classificou a conduta dos acusados como uma tentativa de "ludibriar a Justiça na investigação acerca de uma organização criminosa que teria envolvimento com a morte de Marielle e Anderson, um crime gravíssimo contra a vida e, principalmente, contra o próprio Estado Democrático de Direito".
O assassinato da vereadora e de seu motorista completou três anos em março passado, sem que as autoridades tenham chegado a um mandante do crime. Além de Ronnie Lessa, o ex-PM Élcio de Queiroz está detido num presídio de segurança máxima acusado da execução do crime.
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