Após 10 dias em mata, haitiano acusa policiais de forçá-lo a pular de ponte
Um imigrante haitiano, de 36 anos, foi resgatado no último sábado (24) após passar cerca de 10 dias perdido na mata na fronteira entre Brasil e Peru.
O homem, que não teve a identidade divulgada, alegou à Secretária de Assistência Social de Assis Brasil, no Acre, que foi obrigado por policiais peruanos a se jogar da Ponte da Integração Brasil-Peru, machucando as duas pernas e perdendo a capacidade de andar.
Segundo Quedenei Barreto Correia, secretário de assistência social de Assis Brasil, o rapaz está "bem debilitado". O imigrante e mais três amigos tentavam cruzar a fronteira de táxi, ajudados por coiotes, já que a passagem do Brasil para o Peru está fechada para contenção da pandemia de covid-19.
"Ele foi recolhido no sábado (24), eu conversei com ele já ontem e a gente tem relatos de moradores aqui da cidade vizinha (Iñapari, no Peru) que apoiam a história que ele contou. Ele falou que chegou no dia 10 aqui na cidade e aí ele se perdeu dos companheiros, perdeu o táxi, e depois foi enganado por algumas pessoas, até que ele parou na mão da polícia peruana", detalhou a autoridade.
Quedenei conta que, segundo o imigrante, os agentes do país vizinho o deixaram sob custódia até à noite, quando levaram o homem para a ponte e o pressionaram e ameaçaram até que ele pulasse.
Além de perder todos os pertences, incluindo documentos, o homem também feriu as pernas, ficando dias parado até conseguir se arrastar até um local nos arredores da ponte, conhecido pelos locais como "praia". Lá, o haitiano encontrou algumas embarcações e foi socorrido.
Uma turma de bombeiros que fazia treinamento pela ENB (Escola Nacional de Bombeiros) estava nos arredores da ocorrência e ajudou nos primeiros socorros ao homem, que foi levado ao Hospital de Brasileia.
O secretário conta que segundo a última atualização, fornecida na tarde de hoje, o homem quebrou os dois calcanhares e sofreu lesões internas que tiraram o movimento de seus membros inferiores. A extensão dos ferimentos não foi detalhada.
Ele conta que o imigrante chegou ao Brasil em 2017 e vivia em Santa Catarina. Com o plano de chegar até o Chile, onde pretendia trabalhar, o haitiano usou ônibus e avião para viajar até São Paulo, depois Brasília e depois Rio Branco, indo por terra até Assis Brasil, divisa com o Peru, com a ideia de passar para Iñapari e seguir a viagem clandestinamente.
Até o momento, segundo Quedenei, não houve nenhuma denúncia sobre o caso feita pelo Consulado ou pela Polícia Federal, mas algumas ONGs (Organizações Não Governamentais) estão tentando averiguar o caso junto à polícia peruana.
O UOL tentou contato com o Consulado peruano em Rio Branco, mas não obteve resposta até o momento. Assim que houver, a matéria será atualizada.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.