Fardos de navio nazista 'driblam' maré, surgem em Salvador e viram mistério
O aparecimento de fardos no litoral de Salvador desde o fim de semana intriga pesquisadores. O material, segundo análise inicial, faz parte da carga do navio nazista SS Rio Grande, afundado em 4 de janeiro de 1944 pela Marinha norte-americana, durante a Segunda Guerra Mundial.
Hoje, a Limpurb (Empresa de Limpeza Urbana de Salvador) foi acionada para a "retirada de mais duas caixas 'misteriosas' encontradas na praia do Flamengo e na praia de Itapuã, em frente à Igreja da Vila Militar". Elas foram removidas da faixa de areia e encaminhadas para a Capitania dos Portos. Ao todo, dez fardos surgiram desde sábado.
Segundo especialistas no tema, as correntes marítimas não deveriam levar o material para Salvador, localizada mais ao sul do estado.
"As correntes no mar estão se deslocando para o norte neste momento. É um mistério como os fardos chegaram a Salvador", explica o oceanógrafo Carlos Teixeira, do Instituto de Ciência do Mar da UFC (Universidade Federal do Ceará).
Segundo Teixeira, os fardos são de látex, matéria-prima da borracha. "Eles produziam esses fardos de látex e transportavam pelo mundo para serem usados como matéria-prima para tudo que precisa de borracha, como pneus de carros, veículos de guerra na época, isolamento etc. Faltava borracha, como um monte de outras coisas, na época da Segunda Guerra Mundial pois os oceanos eram patrulhados e navios mercantes afundados", explica.
Na semana passada, cerca de 30 caixas já haviam aparecido no litoral de Alagoas, nos municípios de Coruripe, Maceió, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel e Paripueira. "Olhando fotos, você nota que elas estão mais quebradas, ressecadas. Então a gente acredita que são as mesmas [que surgiram em Salvador]", pontua.
Não teria como estarem saindo de Alagoas ou do sul de Sergipe --onde a gente sabe que teve caixas, por exemplo-- e ir para Salvador agora. Estamos tentando entender como essas caixas estão chegando ao sul.
Carlos Teixeira, pesquisador da UFC
Ele explica que uma das hipóteses possíveis é que as caixas estivessem enterradas em praias ao sul de Salvador, sem conhecimento público. "Ou há outro mecanismo hidrodinâmico que está transportando isso e não sabemos. Nos outros lugares, a gente sabe que a maré alta, com mais ondas fortes, transporta os fardos novamente para o mar", diz.
O pesquisador afirma ainda que, no começo da semana passada, houve uma superlua cheia, que gera marés muito altas. "Isso, associado a ondas fortes, gera erosão na praia e desenterra os fardos. Por isso que aconselhamos que os fardos sejam retirados da praia, pois só assim vamos saber se são novas ou são as de 2018 que estão sendo 'retrabalhadas' pelas ondas", finaliza.
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