Juiz arquiva caso de jovem negro acusado falsamente de roubo no Leblon
A Justiça do Rio de Janeiro determinou hoje o arquivamento do caso de suposta calúnia contra o instrutor de surfe Matheus Ribeiro. O rapaz, que é negro, foi acusado falsamente por um casal branco de roubar uma bicicleta no Leblon em junho deste ano.
Na decisão, o juiz Rudi Baldi Loewenkron diz que não se descarta a possibilidade de "descuido" por parte do casal, mas que o caso não poderia configurar calúnia, já que não houve dolo — ou seja, a intenção de acusar falsamente. O magistrado afirma ainda que como não existe calúnia culposa, em que não há intenção, decide pelo arquivamento do caso.
Em junho deste ano, Matheus Ribeiro aguardava a namorada na porta de um shopping na zona sul do Rio, com sua bicicleta elétrica, quando foi acusado por Mariana Spinelli e Tomás Oliveira de roubar o veículo.
Supostamente, a bike seria parecida com uma que pertencia ao casal e havia sido roubada recentemente. Eles só deixaram o local após falharem em abrir o cadeado da bicicleta com a chave que possuíam.
Nascido e criado no Complexo da Maré, comunidade da zona norte do Rio, Matheus trabalha desde 2018 como instrutor de surfe, virando referência por incentivar o esporte na periferia. No começo deste ano, comprou a bicicleta elétrica numa plataforma de compra e venda e pagou R$ 4.500.
Após a repercussão do caso no Leblon, porém, ele se tornou investigado por receptação — a Polícia Civil do Rio descobriu que o veículo foi furtado de um empresário em Ipanema em fevereiro deste ano.
Matheus disse não saber que o produto tinha origem ilícita. "Não, a gente [Matheus e a namorada] nunca faria uma coisa do tipo. Por ser uma bicicleta usada, a gente especificou que tivesse próximo de metade do valor de uma bicicleta nova", disse ele em entrevista ao Fantástico.
A polícia apreendeu a bicicleta para devolvê-la ao "legítimo proprietário". A polícia não investigou quem vendeu o produto roubado, nem a plataforma.
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