Médica prescreve receita em francês para acolher grávida do Haiti no PR
A médica Carla Oliveira Navarchi escreveu uma receita médica em francês para facilitar a recuperação de uma paciente grávida do Haiti, que mora em Umuarama, no noroeste do Paraná. A gestante é de alto risco e ficou internada por sete dias no Hospital e Maternidade Norospar, local em que a profissional é residente em ginecologia e obstetrícia.
Como a paciente e o acompanhante entendem pouca coisa em português, a médica, que não fala francês, contou com a ajuda da internet para prescrever a receita.
"A paciente veio do Haiti há alguns anos e entende muito pouco a nossa língua. Como a gente precisava que ela seguisse todas as recomendações e tomasse o remédio direitinho, tivemos essa ideia. Deu para perceber que melhorou a compreensão dela e ela está fazendo tudo certo conforme foi prescrito", conta a médica.
A língua oficial do Haiti é o crioulo, mas a médica diz que encontrou poucas informações sobre o idioma e por isso escolheu o francês para se comunicar melhor com a paciente.
A gestante segue sendo acompanhada no hospital. "Esse foi o primeiro caso que tive aqui. Não só o receituário foi feito em francês, mas também todos os cuidados e orientações. Ela ficou muito feliz e agradeceu bastante", afirma a médica.
O Hospital e Maternidade Norospar de Umuarama é referência na região e atende gestantes de 21 municípios. Segundo a entidade, todo o atendimento é gratuito e o trabalho de acolhimento de refugiados tem sido intensificado no local.
Haitianos são os que mais pedem refúgio no Brasil
Um dos principais destinos de imigração na América do Sul, o Brasil acolhe atualmente cerca de dois milhões de imigrantes e dez mil refugiados. São pessoas que foram expulsas de onde viviam por guerras, conflitos políticos, perseguições religiosas, pela fome e pela violência.
Somente no ano passado, mais de seis mil haitianos pediram refúgio no país, de acordo com o Ceim (Centro Estadual de Informação para Migrantes, Refugiados e Apátridas).
No Paraná, somente em 2021, o Ceim atendeu pouco mais de 500 refugiados em todo o Estado. A maioria das pessoas veio da Venezuela, Cuba, Haiti, Peru, Angola e Colômbia. As principais demandas são para regularização de documentos, atendimento psicossocial, busca de uma vaga de emprego e revalidação de diploma.
O perfil dos atendidos é jovem: entre 30 e 59 anos. Em geral, são homens que buscam trabalho, orientação para fazer o currículo e para reinserção no mercado.
O Centro oferece assistência para quem procura emprego, por meio de um cadastro no portal do Ministério do Trabalho, com verificação de vagas disponíveis, elaboração e impressão de currículos, além de ajudar a organizar a documentação para contratação e oferecer orientação profissional e agendamento de atendimento para emissão da Carteira de Trabalho (CTPS).
No campo jurídico, é feito todo o acompanhamento legal para que seja possível regularizar o status migratório.
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