Sumiço de meninos no RJ é denunciado à ONU: 'violação aos direitos humanos'
O MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos) denunciou o desaparecimento de três meninos de Belford Roxo, cidade da Baixada Fluminense, ao Comitê Contra o Desaparecimento Forçado da Organização das Nações Unidas (ONU).
Lucas Matheus, 9, Alexandre da Silva, 11, e Fernando Henrique, 12, sumiram em 27 de dezembro do ano passado após serem vistos pela última vez na feira de Areia Branca, na mesma cidade. As famílias dos garotos acreditam que os três estejam vivos.
O documento do MNDH destaca que, após sete meses de investigação, o caso não foi concluído pela DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense).
Para a entidade, a não elucidação do crime constitui "clara violação aos direitos humanos".
O movimento —que é composto por 300 entidades da sociedade civil— cobra que o Estado se manifeste sobre o caso, já que o Brasil faz parte da Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado, da ONU. A convenção foi assinada em 2016.
"O caso dos meninos de Belford Roxo ilustra uma política de Estado que precisa ser revista, diante de compromissos assumidos pelo Brasil frente à ONU", disse ao UOL o advogado Carlos Nicodemos, que assina o documento.
No relatório, o MNDH afirma que o sumiço dos meninos se enquadra ainda no artigo 3 da Declaração Universal de Direitos Humanos, que garante que "todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal".
Na denúncia, o movimento destaca ainda que, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mais de 80 mil pessoas desapareceram no país somente em 2019. Desse total, o movimento estima que 40% sejam crianças e adolescentes.
O UOL procurou o governo do Rio e a Polícia Civil sobre a denúncia. Se houver manifestação, ela será incluída nesta reportagem.
Polícia vê envolvimento do tráfico no sumiço
De acordo com as investigações da Polícia Civil, traficantes estariam envolvidos no desaparecimento dos garotos que supostamente furtaram um passarinho na comunidade do Castelar, onde moravam.
No final de julho, um homem acusou o irmão de ter ocultado os corpos dos três meninos. De acordo com o depoimento dele, as crianças foram jogadas em um rio em Belford Roxo.
Uma ossada foi encontrada em um saco plástico na região, mas segundo laudo de perícia, os restos mortais não eram de humanos. "O material coletado era referente a vértebras caudais de animais e não de falanges humanas", dizia o documento. A DHBF informou que as investigações sobre o caso continuam em andamento.
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