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Polícia exuma corpo de grávida achada sem feto para investigar parto

Thaysa dos Santos, 23, estava grávida de 8 meses quando foi morta - Arquivo Pessoal
Thaysa dos Santos, 23, estava grávida de 8 meses quando foi morta Imagem: Arquivo Pessoal

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio

11/08/2021 17h44

O corpo de Thaysa Campos dos Santos, 23, grávida de oito meses encontrada morta sem o feto em Deodoro, zona norte do Rio, passou por uma exumação quase um ano após o assassinato.

O objetivo da perícia, feita a pedido da DHC (Delegacia de Homicídios da Capital), é descobrir a causa da morte, buscar vestígios do bebê e como teria ocorrido o parto.

A partir de material, coletado na última sexta-feira (6), estão sendo feitos nesta semana exames toxicológicos. A polícia quer saber se ela foi obrigada a ingerir medicamentos abortivos, entre outras substâncias, antes de ser morta. Para isso, foram recolhidas amostras da medula óssea da jovem assassinada.

"O laudo ainda não está pronto, são exames bem específicos que demoram, mas até agora não tem nada que mostre que o bebê estava no corpo da vítima. Dizer também que o bebê não estava com ela, ainda é cedo. Após a conclusão, temos a esperança de conseguir identificar o que aconteceu e concluir esse caso", disse ao UOL uma perita que atua no caso, mas preferiu não se identificar.

O laudo do IML (Instituto Médico-Legal) feito à época do crime não identificou vestígios de placenta ou cortes na barriga que pudessem indicar a retirada do feto por ato cirúrgico.

O caso passou para a DHC apenas em maio, oito meses após o crime. Antes quem investigava era a DDPA (Delegacia de Descoberta de Paradeiro), já que o bebê que Thaysa esperava não foi encontrado com a vítima.

A mãe de Thaysa, Jaqueline Tavares Campos, 51, veio de Brasília para o Rio para prestar um novo depoimento e apontar possíveis suspeitas.

"Tudo é válido e eu acredito que a justiça vai ser feita. Não existe crime perfeito, existe crime mal investigado. Eu acho que o caso da minha filha estava sendo mal investigado", disse a psicopedagoga.

O crime completa um ano em 4 de setembro e ainda não foi elucidado. Jaqueline diz acreditar que o bebê esteja vivo.

"Essa criança só pode estar com alguém, se não teriam deixado ao lado do corpo da minha filha. A Thaysa estava com medo, sendo ameaçada pela mulher do pai da minha neta. Se minha filha tivesse me contado tudo isso na época, eu teria colocado ela no primeiro avião para Brasília e ela estaria viva agora", desabafou a mãe.

Relembre o caso

Mãe de duas crianças, a manicure era solteira e estava em sua terceira gestação. O pai do bebê estava separado, mas tinha um relacionamento conturbado com a ex-esposa.

Thaysa morava em Deodoro com uma amiga, que é da mesma família da ex-companheira do pai da criança que estava para nascer.

Na noite do desaparecimento, a manicure tinha dito à irmã que buscaria uma bolsa de bebê, por volta das 22h, mas não voltou para casa. Por meio de imagens de câmeras de segurança da estação de trem de Deodoro, a polícia identificou Thaysa sendo abordada por um homem pelas costas nas imediações da estação.

"No vídeo que a polícia mostrou à família, é possível ver um homem chegando por trás dela e levando para dentro de um mato. Uma semana depois, ela foi encontrada nesse mesmo local, sem sutiã, apenas de calcinha, com a bolsa de maternidade por baixo do corpo e as roupas ao lado", contou a mãe.

O celular de Thaysa foi roubado e vendido em Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a 35 km do local onde o corpo foi encontrado.

Segundo a mãe de Thaysa, a mulher que comprou o aparelho disse à polícia que o homem das imagens é o mesmo que vendeu o celular para ela. O criminoso —cuja identidade não foi revelada— ainda não foi preso.