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SP vai ganhar cinco monumentos para homenagear personalidades negras

A escritora Carolina Maria de Jesus é um dos ícones homenageados com estátuas na cidade de São Paulo - Acervo UH/Folhapress
A escritora Carolina Maria de Jesus é um dos ícones homenageados com estátuas na cidade de São Paulo Imagem: Acervo UH/Folhapress

Do UOL, em São Paulo*

17/08/2021 12h49Atualizada em 17/08/2021 16h57

A cidade de São Paulo vai ganhar cinco monumentos para homenagear ícones e personalidades negras do país. Entre os homenageados estão músicos, atleta e uma escritora. As informações oram divulgadas pelo SP1, da TV Globo, e confirmadas pelo UOL.

Confira a lista de homenageados e onde estarão as estátuas deles:

  • Escritora Carolina Maria de Jesus (Parque Linear Parelheiros);
  • Músico e sambista Geraldo Filme (Praça David Raw, na Barra Funda);
  • Sambista e ativista negra Deolinda Madre (Praça da Liberdade);
  • Atleta olímpico e tricampeão no salto triplo Adhemar Ferreira da Silva (Canteiro central da Avenida Braz Leme, Casa Verde);
  • Cantor, compositor e musicista Itamar Assumpção (sem local definido)
Ícones negros que ganharão estátuas na cidade de São Paulo - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Ícones negros que ganharão estátuas na cidade de São Paulo
Imagem: Reprodução/TV Globo

A produção dos monumentos começa no mês de setembro e o tempo máximo para a finalização dos itens é de seis meses, seguido da instalação da obra.

Os locais de colocação das estátuas foram selecionados por familiares dos homenageados em bairros onde as personalidades já moraram, visitavam com frequência ou tidos como importantes na carreira dos cinco escolhidos.

Homenagem e antirracismo

A homenagem ocorre após uma antiga reivindicação do movimento negro por reconhecimento de sua história e de ícones negros importantes no país. Segundo dados da pesquisa "A presença negra nos espaços públicos de São Paulo", realizada pelo Instituto Pólis, dos 367 monumentos espalhados na cidade, apenas cinco deles são de personalidades negras e quatro de indígenas.

O combate ao racismo também entra no pedido do povo negro visto que diversas estátuas de escravocratas, pessoas com biografia racista, misógina e assassina estão espalhadas pela cidade e em todo o Brasil, como foi o caso do Borba Gato. A estátua do bandeirante instalada na Praça Augusto Tortorelo de Araújo, no distrito de Santo Amaro, em São Paulo, foi incendiada por manifestantes no final do mês passado.

Inaugurada em 1963, a estátua de Manuel de Borba Gato, assinada por Júlio Guerra, é um dos monumentos mais controversos do país. Ele foi um dos bandeirantes paulistas que, segundo estudos como o do livro "Vida e Morte do Bandeirante", de Alcântara Machado, lançado em 1929, exploraram territórios no interior do país, capturando e escravizando indígenas e negros encontrados pelo caminho, quando não os matavam em confrontos sangrentos, dissipando etnias entre os séculos 16 e 17. Também estupraram e traficaram mulheres indígenas, além de roubar minas de metais preciosos nos arredores da aldeia.

Em 2016, a estátua de Borba Gato já havia sido atacada com um banho de tinta.

A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) disse à época do incêndio, em entrevista ao UOL News, que o fogo ateado à estátua do bandeirante Borba Gato foi uma "resposta da sociedade". Malunguinho é autora do projeto de lei (PL) 404/2020 que impede a homenagem a escravocratas e a eventos históricos ligados à prática escravista.

"É uma resposta, uma crítica da sociedade em relação a uma violência, porque há uma violência posta naquela imagem, no que ela representa e o que ela foi dentro do seu processo histórico. Quando eu proponho esse projeto para fazer um revisionismo histórico nas cidades é para exatamente repensar a história violenta ao qual esse país foi fundado e como essas imagens estão colocadas de forma compulsória, como se aquilo fosse um patrimônio", explicou a deputada.

Já o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que a estátua a Borba Gato será restaurada, com os custos pagos por um empresário de identidade não divulgada. O político ainda classificou a ação dos manifestantes como "lamentável e um ato de vandalismo".

*Com informações do Estadão Conteúdo e Brunella Nunes, em colaboração para o TAB