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Em vez de colírio, mulher recebe supercola no olho e é socorrida, no ES

Regina Amorim se recupera após ter os olhos colados por supercola na terça-feira (21) - Reprodução/ Arquivo pessoal
Regina Amorim se recupera após ter os olhos colados por supercola na terça-feira (21) Imagem: Reprodução/ Arquivo pessoal

Caio Santana

Do UOL, em São Paulo

23/09/2021 22h33

A comerciante Regina Amorim, de 55 anos, teve as pálpebras do olho esquerdo coladas depois que uma gota de supercola foi colocada nele. Ela havia pedido ao namorado para pegar um frasco de colírio na geladeira, mas, como ela estava sem óculos, não percebeu que a embalagem entregue era diferente. O caso ocorreu na noite da terça-feira (21), em Cachoeiro de Itapemirim (ES).

"Quando pingou foi uma dor terrível. Ele quase ficou mal por causa disso", relata Regina, em conversa com o UOL. "Fechou o olho total. Porque agarrou os cílios. Na hora que bateu, eu fechei. Nisso que eu fechei, 'pegou' tudo".

Regina conta que normalmente aplica quantidades maiores, quando ela mesma passa o colírio, mas dessa vez, quem o fez foi o namorado. "Ainda bem que foi ele", diz ela, sobre o fato de só uma gota ter sido pingada.

Após a gota fazer contato, ela relata a sensação de queimadura intensa e que chegou a pensar que o olho poderia "explodir". A mulher chegou a tentar passar água morna antes do casal buscar socorro.

O atendimento médico foi feito num hospital generalista do município. No entanto, sem médico especialista, a equipe de plantão utilizou soro e algodão para tentar diminuir a dor da paciente. Sem sucesso.

"Quando produtos químicos como a supercola, ou mesmo álcool em gel, o que tem sido bastante frequente, caem na região dos olhos, pode lesionar a pálpebra, como queimaduras químicas", explica ao UOL a oftalmologista Liana Tito. Ela complementa que outras regiões podem ser afetadas, como a córnea e a conjuntiva.

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Olho esquerdo de Regina ficou colado quase instantaneamente; agora ela continua tratamento com pomadas e colírio
Imagem: Reprodução/ Arquivo pessoal

Sufoco

Regina voltou para casa na madrugada de ontem, mas não conseguia dormir, pois a dor e a lesão se tornaram mais intensas. "Foi difícil. Lágrimas descendo a noite toda". Pela manhã, foi a um consultório oftalmológico, onde teve as pálpebras descoladas, além da retirada dos vestígios do material químico com tesoura e pinça. Agora, ela segue os cuidados passando pomadas e colírio, antes de novas consultas de avaliação das lesões.

A situação tá horrível. Fico dentro do quarto, tento ficar com os dois olhos fechados. Mas isso serve de alerta para muitos. Medicamentos e supercola são coisas que não devemos misturar. Só eu sei o que estou passando"

A oftalmologista Liana Tito alerta que acidentes desse tipo são comuns com adultos e crianças, por isso, recomenda sempre observar a forma correta de manipulação e o armazenamento fora do alcance das crianças. Ao UOL, ela detalhou o perigo da supercola.

"A cola aderida na região dos cílios pode formar uma crosta, que, com o atrito na córnea, provoca lesões extensas. Se por algum motivo essas lesões evoluírem, provocam úlceras bacterianas e passam a ser lesões, com riscos iminentes de perfuração e cegueira", explica ela.

Ao ter contato com produtos que agridem os olhos, a médica orienta que primeiro você deve lavá-los com água corrente, de forma abundante. Em seguida, deve-se buscar a emergência oftalmológica mais próxima no menor tempo possível.