Sobrevivente notou problema em coluna de prédio que desabou no RJ
Um dos sobreviventes do desabamento de um prédio em Nilópolis, na Baixada Fluminense, diz que havia notado um problema grave em uma das colunas do imóvel na semana anterior. O edifício de três andares desabou no início da manhã de hoje (24), deixando uma pessoa morta e três feridas.
Jorge Luiz dos Santos Brandão, 54 anos, morava com a companheira no apartamento que ficava no terceiro andar do prédio. Ele revela que há cerca de uma semana notou um problema grave em uma das dez colunas localizadas na garagem do edifício. O imóvel ficava na rua Coronel José Muniz, no bairro de Olinda, um dos principais do município de Nilópolis.
"Dentro da garagem existiam dez colunas, mas desde a semana passada ouvimos um barulho e vimos a coluna aparecendo o ferro, caída no chão. Tiramos foto para mandar para a proprietária, mas não deu tempo de resolver"
Jorge Luiz dos Santos Brandão, sobrevivente do desabamento
Ainda segundo Brandão, os moradores não imaginavam que uma tragédia desse porte pudesse acontecer no local.
"Não era aquilo, de desespero. Depois de uns três dias, falei que tinha que chamar a Defesa Civil para dar uma olhada. Mas eram dez colunas, só tinha problema [visível] em uma. Mas como as outras colunas são todas chapiscadas com aquele chapisco grosso e não morava quando foi feito [não sei o estado das outras]".
De acordo com Brandão, a tragédia poderia ter sido ainda mais grave, já que havia a previsão de que uma família se mudasse para o apartamento no segundo andar, que estava vazio, na próxima semana.
Ele conta que sofreu apenas um corte no nariz. Já sua companheira, de 62 anos, teve escoriações pelo corpo e segue sendo atendida no Hospital Geral de Nova Iguaçu. Ela morava no imóvel há 15 anos. Há pouco mais de um ano Brandão se mudou para o local.
O homem havia acabado de receber a notícia de que um jovem de 26 anos, morador do primeiro andar, morreu no desabamento. Ele se mostrou abalado com a tragédia.
"Só estou lamentando mesmo pelo meu amigo do primeiro andar, que soube agora que veio a falecer. Foi a grande perda que tivemos. Um rapaz jovem, cheio de vida pela frente", disse.
O sobrevivente conta que sua família perdeu tudo no desabamento, mas que seu foco no momento ainda não é esse.
"Perdemos tudo. Tenho dois carros na garagem, mas nem estou pensando nisso agora. Estou só tentando arrumar os documentos, porque estamos sem nenhum", completa.
Vizinho do prédio: "Foi como uma explosão"
O comerciante Robson Erbe da Costa, 66 anos, tem uma loja de material de construção próxima ao local do acidente. Segundo ele, os vizinhos do prédio foram surpreendidos por um estrondo no começo da manhã.
"O pessoal ficou apavorado, foi como se fosse uma explosão. Foi todo mundo para a rua ver, só se via poeira no alto. Depois que a poeira caiu que a gente foi socorrer o pessoal. O primeiro socorro já foi feito pelos bombeiros, que chegaram rápido", conta ele.
O vizinho também relata a existência de rachaduras no prédio.
"O prédio já tinha umas rachaduras há anos. Foi avisado, mas não tomaram nenhuma providência", lembrou o comerciante.
Bombeiros seguem em buscas
Segundo o Corpo de Bombeiros, equipes do quartel de Nilópolis foram acionadas às 6h45 para atender às vítimas do desabamento. Além de Brandão, da esposa e do jovem de 26 anos que morreu no desabamento, uma jovem de 19 anos também ficou ferida e foi levada para o Hospital Geral de Nova Iguaçu.
De acordo com o secretário de estado da Defesa Civil do Rio, o coronel do Corpo de Bombeiros Leandro Monteiro, as equipes da corporação seguem nas buscas por vítimas, apesar de as informações dos vizinhos indicarem de que todos os moradores foram resgatados.
"Conversamos com vizinhos e com as vítimas removidas e eles dizem que eram só quatro pessoas no prédio e um cachorro, mas o protocolo é somente encerrar as buscas após a varredura com cães", disse ele, em entrevista à Globo News.
Monteiro também disse que a Defesa Civil Municipal e Estadual foram acionadas para avaliar se a construção do prédio é legal. "Será feita avaliação, perícia e poderemos afirmar o que aconteceu", completou.
O secretário de Defesa Civil de Nilópolis, Flávio Vergueiro, esteve no local e afirmou que uma primeira análise descartou danos estruturais nos imóveis vizinhos ao prédio que desabou.
"Graças a Deus os prédios vizinhos estão ok. Superficialmente a gente avaliou e nenhuma aparenta risco. O prédio tombou para o lado direito", disse ele em entrevista à CNN.
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